
Trump quer “fim real para a guerra”… com entrega a Israel de bomba capaz de arrasar hipótese de arsenal nuclear do Irão
O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, está a avaliar a possibilidade de fornecer a Israel a única arma capaz de destruir o mais protegido complexo nuclear do Irão, numa escalada dramática da crise no Médio Oriente. A revelação surge após dias de intensos bombardeamentos entre Israel e a República Islâmica, com um saldo já superior a 78 mortos.
Trump, que até agora havia adoptado uma postura de relativa contenção, está sob crescente pressão interna e internacional para decidir se mantém a via diplomática ou se avança para um apoio militar direto ao seu principal aliado na região.
O primeiro-ministro israelita, Benjamin Netanyahu, tem insistido que o seu objetivo é pôr termo ao programa nuclear iraniano, que considera uma ameaça existencial. Netanyahu afirma que o Irão poderá estar a poucos meses de obter uma arma nuclear, apesar de não existirem provas conclusivas que sustentem tal alegação. Os ataques lançados por Israel nos últimos cinco dias parecem, no entanto, visar mais do que apenas instalações nucleares: segundo analistas, o verdadeiro propósito poderá passar por fomentar um possível colapso do regime liderado por Alí Khamenei.
Fontes próximas do governo israelita revelaram que foram feitos planos para assassinar o líder supremo iraniano, plano esse que terá sido travado por Donald Trump. O presidente norte-americano terá receado que tal ação arrastasse os Estados Unidos para mais um conflito no Médio Oriente, contrariando a promessa feita aos eleitores de afastar o país de “guerras sem fim”.
O alvo mais difícil para Israel permanece o complexo de Fordo, uma instalação de enriquecimento de urânio construída no interior de uma montanha, precisamente para resistir a ataques aéreos convencionais. Para atingir essa estrutura, seria necessária a “bomba destrói bunkers” GBU-57, de 13.600 quilos, exclusiva do arsenal norte-americano. Esta bomba, se lançada a partir de bombardeiros B-2, é a única com capacidade comprovada para penetrar fortificações tão profundas e destruir as infraestruturas subterrâneas do programa nuclear iraniano.
A decisão de Trump sobre fornecer ou não esta arma a Israel permanece em aberto, com o risco de tal escolha provocar uma escalada de consequências imprevisíveis em toda a região.
Pressão interna e tensões crescentes
A pressão sobre Trump não vem apenas do exterior. No seio de um Partido Republicano dividido, as vozes mais conservadoras exigem uma resposta mais contundente em apoio a Israel. «Se isso significa fornecer bombas, forneçam bombas», defendeu o senador Lindsey Graham em declarações à CBS.
Perante a intensificação do conflito, Trump abandonou na noite de segunda-feira a cimeira do G7, no Canadá, regressando a Washington mais cedo do que o previsto. Inicialmente, o presidente francês, Emmanuel Macron, indicou que o presidente dos EUA regressava com o objetivo de procurar um cessar-fogo. Porém, Trump desmentiu essa versão, afirmando na sua rede social Truth Social que a decisão se devia a “algo maior” e não à procura de um entendimento entre as partes.
Horas depois, o presidente norte-americano apelou à evacuação imediata de Teerão, ecoando os avisos de Israel, que anunciava novos ataques contra alvos militares no Irão. Os bombardeamentos atingiram mesmo a sede da televisão estatal iraniana.
Caminho diplomático ou intensificação da guerra?
Segundo a Reuters, Trump afirmou desejar um “fim real” para o impasse nuclear com o Irão, embora não tenha clarificado o que isso implicaria. O presidente norte-americano admite enviar representantes de topo para a região, entre eles o enviado especial para o Médio Oriente, Steve Witkoff, ou o vice-presidente JD Vance.
Trump tem reiterado que os ataques israelitas só cessarão se o Irão aceitar as condições impostas por Washington para reativar o acordo nuclear abandonado em 2018. Esse pacto previa a limitação do enriquecimento de urânio em troca do levantamento de sanções internacionais. Até lá, alertou Trump, «ninguém abrandou o ritmo» e, prometeu, «nos próximos dois dias, toda a gente saberá» qual será o próximo passo.
Risco de alastramento do conflito
Com o aumento das hostilidades, cresce o receio de que a guerra entre Israel e Irão se transforme num conflito de maior escala, envolvendo diretamente os Estados Unidos e outras potências da região. O Irão já ameaçou abandonar o Tratado de Não Proliferação Nuclear, caso os ataques israelitas, alegadamente com apoio norte-americano, prossigam.
Para já, o mundo observa com expectativa e apreensão os próximos movimentos de Washington, enquanto Teerão promete reconstruir o que venha a ser destruído. «Se eliminarem o nosso programa nuclear, nós reconstruímo-lo», avisaram as autoridades iranianas.