Transportes públicos, casas sobrelotadas e ajuntamentos: a que se deve o aumento de casos na Grande Lisboa?

Alguns autarcas da Grande Lisboa defendem que o aumento de casos na região deve-se aos movimentos pendulares da população, às deslocações em transportes públicos, ao desconfinamento e ajuntamentos de jovens e, sobretudo, ao maior número de testes, revela o “Público”.

O presidente da Câmara de Loures, Bernardino Soares atribui o aumento de casos na região de Lisboa e Vale do Tejo à utilização de transportes públicos e situações de precariedade laboral. Em declarações ao “Público”, Bernardino Soares disse que grande parte dos casos têm sido identificados em zonas onde vivem pessoas em «situações de precariedade laboral, que dependem do trabalho no dia-a-dia para garantir a sua subsistência e que utilizam transportes públicos». Além disso, algumas dessas pessoas vivem em habitações sobrelotadas, o que «é um factor de risco muito grande neste momento», apontou.

Por sua vez, o vereador da Câmara de Sintra responsável por coordenar os trabalhos de combate à pandemia fala do aumento de testes. «Fizemos um grande esforço de testagem. Procurámos alargar testes não só a todos os equipamentos sociais como a alguns sectores de actividade, onde há maior probabilidade de contágio. Quantos mais testes fizemos, mais pessoas assintomáticas fomos detectando», afirmou ao “Público” Eduardo Quinta Nova.

O primeiro ministro, António Costa, reúne-se esta segunda-feira com os autarcas dos municípios da Grande Lisboa com mais novos casos de Covid-19 nas últimas semanas e, ao que a “SIC” apurou, poderá estar em análise o encerramentos de bares, restaurantes e outro comércio ou o funcionamento destes espaços em horário reduzido.

De acordo com a “SIC”, os autarcas pedem um reforço nos recursos humanos das forças de segurança, assim como medidas legislativas que facilitem a actuação junto de ajuntamentos ilegais, por exemplo, e para garantir que os infectados cumprem as medidas de isolamento.

No mesmo sentido, o “Jornal de Notícias” também adianta que o Ministério da Administração Interna deverá ser chamado a endurecer a vigilância nas ruas por parte das forças de segurança.

Ao que a “SIC” apurou, estará também em cima da mesa um eventual apoio às operadoras rodoviárias, para que possam aumentar o número de autocarros em circulação.

Entre os autarcas convocados para a reunião, às 10 horas, na residência oficial do primeiro-ministro, estão Fernando Medina (Lisboa), Basílio Horta (Sintra), Carla Tavares (Amadora), Hugo Martins (Odivelas) e Bernardino Soares (Loures).

O Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, assegurou no domingo que apoiará o que o Governo decidir depois desta reunião, naquilo «que for necessário fazer para impedir o descontrolo» do desconfinamento na região de Lisboa.

No sábado, o primeiro-ministro, António Costa, garantiu que, se for preciso dar passos atrás no desconfinamento, o fará, mas prefere controlar a situação, considerando que a melhor forma de solidariedade e de retoma é todos cumprirem as regras. O líder do Governo vai estar hoje acompanhado pela ministra da Saúde, Marta Temido, que havia anunciado na sexta-feira a realização deste encontro para avaliar a situação em Lisboa e Vale do Tejo, bem como pelo secretário de Estado dos Assuntos Parlamentares, Duarte Cordeiro, responsável pela gestão da crise sanitária na região.

Na conferência de imprensa de apresentação do boletim epidemiológico de sexta-feira da Direção-Geral da Saúde (DGS), Marta Temido reconheceu «dificuldades em quebrar as cadeias de transmissão» nestes cinco concelhos, que já desde meados de maio concentram de forma consistente a grande maioria dos contágios em Portugal. «Estando agora a situação que nos inspira maior preocupação circunscrita a cinco concelhos da área metropolitana de Lisboa, dentro deles distribuída de forma não perfeitamente simétrica, com uma clara identificação das freguesias onde há maior incidência, decidimos tomar desde logo uma iniciativa que se prende com a realização de uma reunião na próxima segunda-feira de manhã», frisou, então, a ministra da Saúde.

Marta Temido reiterou o apelo à população para cumprir as regras de protecção e distanciamento social, sublinhando que o combate à pandemia de Covid-19 «é uma maratona, não um sprint» e que «estão redondamente enganados aqueles que pensam que podem regressar às suas vidas na normalidade anterior» sem uma vacina ou um tratamento eficaz.

Portugal regista, pelo menos, 1.528 óbitos associados ao novo coronavírus e 38.841 casos confirmados de infecção, segundo o último boletim da DGS.

Neste momento, a pandemia de Covid-19 já provocou mais de 465 mil mortos e infectou mais de 8,8 milhões de pessoas em 196 países e territórios, revela o último balanço da agência “France-Presse”, feito a partir de dados oficiais.

A doença é transmitida por um novo coronavírus detectado no final de Dezembro, em Wuhan, uma cidade do centro da China.

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