Transformar tesouros cheios de pó nos sótãos em dinheiro pode render milhões
Kaja Veilleux caça tesouros de sótãos na Nova Inglaterra há mais de 50 anos e já encontrou uma cópia da Declaração da Independência dos Estados Unidos sobre uma pilha de lixo, embora nem sempre as descobertas rendam milhões.
Este caçador de tesouros também fez manchetes de jornal este ano, quando se deparou com um retrato de um milhão de dólares a ganhar pó numa antiga casa de quinta no Maine, que pode ter sido pintado pelo mestre neerlandês Rembrandt.
Num outro momento, contou Veilleux à agência Associated Press (AP), mostraram-lhe uma moeda de ouro de 50 mil dólares numa gaveta de ferramentas – apenas para ver o proprietário bem-intencionado destruir grande parte do seu valor antes de a poder leiloar ao utilizar um esfregão para a limpar – riscando-a.
“É como uma caça ao tesouro todos os dias”, vincou Veilleux, com uma gargalhada.
Muitas pessoas sonham em lucrar com alguma herança antiga e cheia de pó. Em outubro, três irmãs do Ohio venderam uma moeda rara por mais de meio milhão de dólares. Há dois anos, uma caixa de cartões de hóquei antigos encontrada numa casa canadiana foi vendida por mais de 3,7 milhões de dólares.
Veilleux, de 73 anos, ajuda as pessoas a separar as joias do lixo quando avalia móveis, antiguidades e arte, utilizando o seu conhecimento sobre os preços de artigos semelhantes que foram vendidos no passado.
Este norte-americano começou a colecionar moedas aos 8 anos e cedo descobriu que tinha uma boa memória para objetos visuais.
Este norte-americano começou a colecionar moedas aos 8 anos e cedo descobriu que tinha uma boa memória para objetos visuais.
E cedo aprendeu uma lição importante, quando gastou a maior parte do dinheiro que tinha na altura numa licitação para uma bela pintura em miniatura.
Quando chegou a casa do leilão e olhou para a obra de arte sob uma lupa, percebeu que se tratava de uma impressão, com pinceladas de tinta adicionadas para a fazer parecer genuína.
“Paguei 350 dólares por um objeto de 35 dólares, o que sempre me ensinou a olhar para as coisas com muito cuidado”, apontou Veilleux.
No final da década de 1990, estava num domicílio em South Freeport, Maine, casa de um colecionador onde pilhas de lixo aguardavam para serem levadas para um contentor já cheio. No topo de uma pilha, Veilleux avistou o que mais tarde se veio a confirmar ser uma cópia de 1776 da Declaração da Independência.
Leiloou-o por 99 mil dólares, mas o Estado do Maine interpôs uma ação para tomar posse do documento e ganhou. Isto significava que tanto o comprador como o vendedor acabavam por perder.
A obra de arte encontrada este ano foi a mais valiosa até agora. Veilleux contou que estava juntamente com um assistente a fazer uma visita domiciliária em Camden, no Maine.
“Começámos a vasculhar a casa e havia pequenas coisas raras e coisas grandes por todo o lado”, contou Veilleux.
“Finalmente, estamos no terceiro andar, perto do sótão, e encontrámos uma pilha de pinturas, e nela estava este belo retrato de uma jovem de Rembrandt”, acrescentou.
A pintura de uma adolescente com um vestido preto e gola branca com folhos foi vendida como “depois de Rembrandt”, o que significa que estava ao estilo do mestre do século XVII, mas não se provou que fosse dele.
A obra de arte foi vendida por 1,4 milhões de dólares, incluindo taxas de leilão, indicando que o comprador estava disposto a fazer uma aposta significativa de que a pintura era um Rembrandt.
Todas as terças-feiras, as pessoas trazem as suas heranças e artigos de coleção para o escritório de Veilleux em Thomaston, no Maine, para ver o que podem obter em leilão.
A avaliação é gratuita, mas Veilleux recebe uma comissão se acabar por vender as peças nas suas galerias de leilões Thomaston Place.