Trabalhadores da Casa da Moeda em greve contestam aumento proposto de 52 euros

Cerca de meia centena de trabalhadores da Imprensa Nacional Casa da Moeda (INCM), em greve por melhores salários, concentraram-se hoje frente ao Ministério das Finanças em protesto contra a última contraproposta da administração de um aumento de 52 euros.

Em declarações à agência Lusa, Ricardo Neves, dirigente do Sindicato dos Trabalhadores das Indústrias Transformadoras, Energia e Atividades do Ambiente do Centro Sul e Regiões Autónomas (SITE-CSRA), salientou que esta última contraproposta – transmitida em 30 de abril passado pelo Conselho de Administração (CA) da INCM – não atinge sequer o valor mínimo de 56,58 euros que os trabalhadores decidiram como “ponto de partida para qualquer entendimento”.

Na resolução hoje entregue no Ministério das Finanças, os sindicatos representativos dos trabalhadores (SITE-CSRA, SITE-Norte e o Sindicato Nacional dos Trabalhadores das Telecomunicações e Audiovisual ( SINTTAV)) consideram que, com esta posição, a administração encerrou “unilateralmente o espaço de negociação, colocando em causa a possibilidade de um acordo”.

Adicionalmente, entendem que demonstrou “um total desrespeito pelas legítimas expectativas” dos trabalhadores, “num contexto de grave degradação do poder de compra”.

Segundo sustentam, o aumento proposto “viola o espírito e a letra das orientações governamentais para o Setor Empresarial do Estado (SEE), conforme emanadas em despacho” do secretário de Estado do Tesouro e das Finanças, que estabelece “princípios de valorização das remunerações compatíveis com a dignidade do trabalho e com a reposição de rendimentos real”.

Alegam ainda os sindicatos que a administração da INCM se recusou, até agora, a “demonstrar o impacto das suas contrapropostas na massa salarial global”, também “em desrespeito pelas orientações definidas para o SEE”.

Desta forma, enfatizam, impede “uma análise transparente” da conformidade da proposta apresentada “com os princípios de valorização remuneratória estabelecidos pela tutela”.

Reafirmando a exigência de um aumento salarial “nunca inferior a 56,58 euros como ponto de partida” para negociar, os trabalhadores apelam à intervenção do secretário de Estado do Tesouro e das Finanças para “garantir que as empresas públicas respeitem o enquadramento político definido pelo próprio Governo e cessem práticas de gestão que enfraquecem o papel do Estado como empregador de referência”.

Convocada pelo SITE – CSRA, a greve de hoje dos trabalhadores da INCM decorre em períodos de quatro horas por turno nos vários locais de trabalho daquele organismo e segue-se a uma outra paralisação, nos mesmos moldes, realizada nos passados dias 31 de março e 01 de abril.

Segundo Ricardo Neves, do SITE CSRA, o sindicato pediu no passado dia 24 de abril reuniões ao secretário de Estado e à Parpública, aguardando ainda o seu agendamento.