Tim Vieira: “O mundo irá tornar-se ainda mais competitivo”

Uma ajuda às empresas portuguesas e uma aposta nos produtos e serviços portugueses. Esta a génese do projeto “Escolhe Portugal” que junta Tim Vieira, empresário e investidor, e a BeBrave – Associação de Empreendedores e Mentores. Através da criação de uma plataforma, procuram ajudar empreendedores e empresários nacionais a encontrar uma resposta para a crise económica que se antecipa.

Aliou-se à BeBrave para criar o projeto “Escolhe Portugal”. Para que serve esta plataforma e qual é o objetivo?

Aproximam-se tempos difíceis e, tendo isso em mente, decidimos criar o movimento “Escolhe Portugal” com o intuito de ligar as pequenas, médias e grandes empresas, de várias áreas de serviços e turismo, para que possamos trabalhar em conjunto e criar soluções que permitam ultrapassar esta crise mais rapidamente. Além disso, a plataforma que estamos a desenvolver irá promover o crescimento do comércio local, ajudando também a que as empresas e os consumidores se encontrem com mais facilidade, num único lugar. Queremos incentivar e sensibilizar os portugueses para as suas escolhas de consumo diariamente, para que sintam que ao escolherem um produto ou serviço nacional, estão a contribuir para o aumento do emprego, das condições de saúde e crescimento da economia do país.

O apoio traduz-se na compra de produtos portugueses e de produtos de empresas portuguesas?

O grande objetivo é incentivar a que os portugueses escolham produtos e serviços que ajudem o ecossistema português a ultrapassar esta fase difícil mais rapidamente. Isso passará, naturalmente, pela seleção de produtos de origem nacional, mas também pela escolha de produtos e serviços de empresas que, ainda que não sejam portuguesas, contribuam ativamente para o crescimento da economia, seja através da criação de emprego ou pagamento de impostos. Depois, o objetivo da plataforma é unir essas várias empresas e aumentar a sua exposição, para que cheguem ao maior número de portugueses possível. As empresas podem registar-se no site do Escolhe Portugal, de forma gratuita, e passar a integrar a plataforma com a apresentação dos vários produtos e serviços, bem como o site e redes sociais do movimento. Além disso, serão ainda disponibilizados às empresas aderentes meios tecnológicos e um logótipo nos produtos, serviços e lojas, para demonstrar aos consumidores que, ao escolherem Portugal e todas as empresas da plataforma, estão a contribuir para que o país ultrapasse a crise mais rapidamente.

Como é que este projeto pode ajudar a recuperar a economia portuguesa?

Acredito que ao disponibilizarmos ferramentas às empresas para que estas se tornem mais visíveis no mercado e consigam otimizar os seus processos de cash flow, isso fará toda a diferença ao nível da sua capacidade de resposta a esta crise económica, em especial no caso das pequenas e médias empresas. Sem dúvida que estamos a viver um momento sem precedentes e é difícil fazer previsões, contudo, acredito que estes fatores serão determinantes para ajudar as empresas e recuperar a economia portuguesa.

Na sua opinião, a crise vai ser difícil e ficará pior antes de melhorar?

Sim, sem dúvida. A crise que iremos ultrapassar será difícil e, antes de começarmos a ver sinais de melhoria, vamos assistir a um cenário bastante duro. Contudo, está nas nossas mãos decidir durante quanto tempo é que essa situação irá durar. Acredito que se nos unirmos e trabalharmos juntos, temos mais hipóteses de vencer a crise e reduzir o seu impacto. Neste momento, é importante estarmos também conscientes de que ainda não existe uma vacina para o problema e, perante o desconhecimento, é fundamental que estejamos ainda mais bem preparados para fazer face aos problemas que possam surgir. E só juntos é que vamos conseguir sair desta crise mais fortes e a saber ainda mais.

Já afirmou ter medo de perder mais uma vez uma geração que emigre. Porquê?

Temos agora uma das gerações mais capazes de sempre e seria muito triste se a perdêssemos pela falta de incentivos. Tendo em conta a situação atual, o mundo irá tornar-se ainda mais competitivo e tenho receio que, se não conseguirmos dar resposta a esta crise num futuro próximo, eles precisem de procurar outras oportunidades. Esta é já a segunda crise que os millennials enfrentam desde que começaram a trabalhar, a primeira em 2009 e agora esta, acreditando-se que um momento assim seria algo pelo qual se passaria uma vez na vida e, infelizmente, já sabemos que não vai ser assim. Gostava muito que conseguíssemos manter os talentos no país mas, para o conseguirmos, é importante que se criem novas oportunidades.

Como empresário e investidor, qual foi a maior lição que aprendeu com esta crise, pela qual ninguém esperava?

A maior lição é, sem dúvida, a gratidão que sinto por estarmos onde estamos e termos aquilo que temos. Neste momento, podíamos estar em sítios muito piores. Sei que os portugueses estão a unir-se para enfrentar esta situação e acredito que vamos conseguir sair de tudo isto rapidamente, possivelmente até em vantagem relativamente a outros países, onde o impacto negativo da crise poderá ser ainda mais grave e difícil de superar. Além disso, diria ainda que este cenário me ensinou outra grande lição – a de fazermos o que gostamos e aquilo em que acreditamos – porque não sabemos o que o futuro nos reserva.

 

 

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