Tether assusta especialistas: Pode mesmo ser o “cisne negro” das criptomoedas

Muito se lê, se ouve e se fala sobre a Bitcoin ou a Ethereum, mas são poucas as capas de jornais económicos que fazem manchete com a Tether, a criptomoeda com a terceira maior capitalização de mercado (mais de 60 milhões de euros) e líder, quase sempre, no volume de operações diárias (em média 48 milhões de euros, quase o dobro da Bitcoin, de acordo com os dados da Bloomberg).

A Tether é uma stablecoin, ou seja, um token vinculado a um ativo tangível,  neste caso o dólar. Ao contrário, por exemplo, da Bitcoin, as stablecoins, como o próprio nome indica, sofrem menos oscilações no preço de mercado.

Porém, em maio, a Bitfinex, a empresa que gere esta moeda digital, anunciou que apenas uma fração de 2,9% das suas reservas ligadas à Tether assumiam a forma de dinheiro físico, levantando um problema para os economistas: Pode não haver ligação entre os números do papel moeda que circulam nos EUA e estas stablecoins.

Mais tarde, a empresa gestora da Tether foi acusada de dificultar a troca da moeda digital por dólares. Seria porque faltava fluxo monetário que o permitisse? Bitfinex não respondeu. Assim, os titulares desta criptomoeda estão limitados sobretudo a trocas com outras moedas digitais e não com o dólar.

Em abril de 2019, a procuradora-geral de Nova Iorque, Letitia James, conhecida por coordenar ao lado do magistrado de Manhattan, Cyrus Vance, o processo contra as empresas de Donald Trump, acusou a Bitfinex de utilizar as reservas da Tether em dólares para cobrir perdas avaliadas em mais de 800 milhões de euros.

Num relatório publicado pelo JP Morgan, o banco alertou para “uma súbita perda de confiança na Tether, que pode terminar com um choque de liquidez severo para todo o criptomercado”.

Em junho, o presidente da Reserva Federal de Boston, Eric Rosengren, fez soar o alarme sobre esta stablecoin, chegando mesmo a classifica-la como “um potencial risco para a estabilidade financeira do Estado.”

Na semana passada, a agência de rating Fitch alertou para o facto de as “stablecoins, que têm por base reservas fracionadas ou adotam uma alocação de ativos de maior risco, poderem enfrentar um risco de execução muito maior” que as outras coins.

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