Tempestade Perfeita: Cravinho atira responsabilidades para ex-secretário de estado nas respostas ao Ministério Público

João Gomes Cravinho, questionado pelo Ministério Público na qualidade de testemunha, no âmbito da investigação da operação ‘Tempestade Perfeita’, respondeu por escrito às 25 questões dos procuradores e atira responsabilidades pela derrapagem nas contas das obras de requalificação do antigo Hospital Militar de Belém para Jorge Seguro Sanches, então secretário Estado Adjunto e da Defesa Nacional.

“Nada fazia prever o custo final da obra. Aliás, das reuniões havidas entre a Direção-Geral de Recursos de Defesa Nacional (DGRDN) e o secretário de Estado Adjunto com competências delegadas nesta matéria, que eu saiba, a DGRDN nada sinalizou ao secretário de Estado sobre o aumento de custos desta obra. Caso contrário, o secretário de Estado ter-me-ia transmitido, o que não aconteceu”, justifica o ex-ministro da Defesa, hoje titular da pasta dos Negócios Estrangeiros, nas respostas, citadas pelo Expresso.

O ministro diz que o primeiro dado mais indicativo “do custo real” da intervenção chegou-lhe a “23 de junho através de informação vaga e sem fundamentação e posteriormente a 22 de julho” de 2020, através de despacho do secretário de Estado, ainda que os dois governantes tenham sido informados sobre o aumento dos custos previstos em março desse ano.

Cravinho justifica nas respostas ao MP que “não estava satisfeito” com a condução que Alberto Coelho, então DGRDN e um dos principais acusados no processo, pelo que não renovou o seu mandato, algo que contrata com os elogios que o ministro lhe fez quando questionado sobre o tema na Assembleia da República.

“Era claro para mim, naquele momento, e isto veio a ser confirmado pouco depois, a 28 de dezembro de 2020 no relatório da IGDN, que o Dr. Alberto Coelho havia cometido erros na gestão do processo do HMB. Ou seja, no momento de não renovação do mandato como DGRDN, já me parecia provável que haveria diversas “inconformidades legais”, que foi a expressão utilizada pela IGDN no seu relatório, mas eu não tinha suspeitas quanto à existência de improbidade ou dolo no comportamento do Dr. Alberto Coelho”, aponta ainda o governante.

João Gomes Cravinho admite que o “ponto de situação enviado a 27 de março indica que a estimativa inicial seria ultrapassada”, desvalorizando a informação de que os custos já estariam a derrapar em mais de um milhão de euros, dizendo que se estavam a proceder a obras que iriam custar, segundo indica, “200 mil euros a mais” e que parte das intervenções previstas seriam excluídas, e que quem acompanhava as obras era Seguro Sanches e não ele.

O governante explica que foi Marco Capitão Ferreira, outro dos arguidos no processo, secretário de Estado da Defesa que acabou afastado após ser constituído arguido por corrupção no caso, e na altura presidente da idD Portugal Defense, que sugeriu Alberto Coelho para a administração da ETI, ao contrário do que havia dito no Parlamento de que foi a indústria da Defesa portuguesa que mostrou interesse no nome.

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