“Temos estado a viver situações muito difíceis” de insegurança: Moedas explica porque pediu reunião de emergência ao MAI

O presidente da Câmara Municipal de Lisboa, Carlos Moedas, manifestou publicamente a sua preocupação com o agravamento da insegurança na capital e apelou a uma resposta imediata do Governo. Em declarações ao canal Now, o autarca defendeu a necessidade urgente de reforçar o efetivo policial na cidade, numa altura em que se registam episódios recorrentes de violência, roubos e consumo de droga em zonas centrais da capital.

“É importantíssimo olharmos para a segurança com realismo. Nós, em Lisboa, temos estado a viver situações muito difíceis nas últimas semanas — sejam roubos, violações, agressões”, afirmou Carlos Moedas.

Apesar de os números do Relatório Anual de Segurança Interna (RASI) indicarem uma descida global da criminalidade, o autarca sublinha que existem áreas em que a tendência é inversa. “Quando olhamos para os números do RASI, vemos que houve uma diminuição no geral, mas há situações em que verificamos mais casos”, alertou.

Face à perceção crescente de insegurança, Moedas exige uma resposta rápida da nova ministra da Administração Interna, Maria Lúcia Amaral. Numa carta enviada à governante, a que a agência Lusa teve acesso, o presidente da câmara solicita “com caráter de urgência” uma reunião para discutir “medidas com efeitos imediatos” que possam dar resposta aos problemas sentidos na cidade.

Na missiva, Moedas felicita a nova ministra pela sua nomeação, sublinhando que a sua “vasta experiência” é “uma fonte de esperança” num momento crítico para Lisboa. No entanto, deixa claro que é necessário agir com pragmatismo: “Os desafios devem ser enfrentados com uma visão humanista, mas ao mesmo tempo realista das necessidades que uma capital como Lisboa enfrenta”.

“É essencial que a ministra ponha mais polícia em Lisboa”, insistiu Moedas durante a entrevista, lembrando que, embora a autarquia não tenha competências diretas em matéria de segurança, está pronta para colaborar. “O presidente da câmara está aqui para ajudar. Estamos a pôr mais câmaras de videovigilância em vários pontos da cidade.”

Atualmente, Lisboa conta com 64 câmaras de videovigilância, número que Moedas quer ver aumentado, nomeadamente em zonas como Martim Moniz, Mouraria, Arroios, São Domingos de Benfica e Avenida da Liberdade — áreas onde o autarca já havia pedido ao anterior Ministério da Administração Interna a instalação de sistemas de videoproteção.

Uma força policial em queda
A crítica principal do presidente da câmara incide sobre o número de agentes da PSP disponíveis na capital. “Lisboa tinha oito mil polícias em 2010 e agora tem seis mil. Isto quer dizer que temos um problema”, frisou Moedas. Para colmatar esse défice, o autarca pede não só o reforço da Polícia de Segurança Pública, como também o recrutamento de mais 200 agentes para a Polícia Municipal de Lisboa.

“Precisamos de mais PSP em Lisboa, precisamos de mais 200 polícias municipais”, declarou, sublinhando o risco de a cidade perder a reputação que tem conquistado ao longo das últimas décadas. “Podemos passar de uma cidade segura para uma que é insegura.”

Moedas não esconde a urgência com que quer ver a situação resolvida. Reiterou que é fundamental que o Governo reconheça a gravidade da situação e aja rapidamente: “Peço uma reunião rápida, mas preciso que o Governo reconheça que Lisboa [tem um problema sério]”, declarou.

Este apelo surge num momento em que o consumo de droga e os casos de criminalidade se tornaram temas centrais no debate público sobre a cidade. O presidente da Câmara tem vindo a insistir na importância do policiamento de proximidade como elemento essencial para o sentimento de segurança dos lisboetas.

Apesar das limitações legais da autarquia em matéria de segurança interna, Carlos Moedas reitera que a Câmara está disponível para cooperar com o Governo em tudo o que estiver ao seu alcance. “Estamos prontos para colaborar”, garantiu.