
“Temos de nos habituar a viver com menos água”: Presidente da Águas de Portugal alerta para esgotamento de recursos e pede mudanças nos comportamentos
O presidente executivo da Águas de Portugal, José Furtado, avisa que vamos ter de “nos habituar a viver com menos água”. O problema da falta deste recurso necessita, segundo aponta o responsável, de mais captações, mais interligações e sinergias e a aposta em projetos como a dessalinização ou o reaproveitamento e uso de águas residuais, para além de mudanças nos comportamentos.
O alerta é deixado por José Furtado em entrevista ao Jornal de Negócios. A empresa, segundo o presidente executivo, tem desafios em três dimensões: as alterações climáticas, o esgotamento de recursos hídricos e a poluição.
“O tema da procura é particularmente relevante, passa pelo uso parcimonioso de água doméstica e uso responsável noutros setores”, aponta, sustentando que um vetor de mudança terá de ser a alteração de comportamentos por parte da população, com o “uso tradicional e responsável da água”.
Em termos de oferta, o responsável realça a necessidade de interligações, exemplificando com o exemplo do Alentejo, que “ficou mais resiliente com o Alqueva, por via da interligação entre sistemas” de regadio e de abastecimento humano.
José Furtado explica que, no contexto do PRR, está contemplada uma estação de dessalinização no Algarve para responder ao problema da falta de água e dos períodos de seca, bem como outros investimentos avaliados em 300 milhões de euros.
No Alentejo, a águas de Portugal está a estudar uma segunda central de dessalinização, que seria instalada perto de Sines, enquanto no Nordeste e Viseu, a “solução passa por interligações”.
Apontando que “o fenómeno das alterações climáticas é gradual e evolutivo”, o responsável diz que estão a ser tomadas medidas estruturais para evitar o risco de falta de água, mas avisa: “Temos de nos habituar ter esse pacto da água em termos de utilização racional e criteriosa. E ao mesmo tempo ir reforçando as origens, por vias convencionais, prioritariamente, mas também não convencionais, no futuro, pelas implicações ambientais e de custo que têm”.