Tecnologia autónoma da Nissan promete combater o isolamento social de idosos em zonas rurais
A Nissan concluiu com sucesso o projeto de investigação evolvAD, que testou a condução autónoma em condições reais no Reino Unido, e os resultados prometem abrir caminho para uma mobilidade mais inclusiva. A marca acredita que esta tecnologia poderá desempenhar um papel fundamental na luta contra o isolamento social e a perda de autonomia entre a população sénior — especialmente em zonas rurais com acesso limitado a transportes públicos.
A experiência de Brad Ashton, de 93 anos, tornou-se o símbolo desta aposta da Nissan. Reformado e antigo argumentista de comédia que escreveu para figuras como Groucho Marx e Tommy Cooper, Ashton testou um dos veículos autónomos da marca num percurso pelas estradas rurais de Bedfordshire, nos arredores do Centro Técnico da Nissan em Cranfield. Depois da viagem, descreveu a experiência como “segura e relaxante”.
“Novas tecnologias como esta são fantásticas e é importante adotá-las. […] Fiquei muito orgulhoso por ser a primeira pessoa mais velha a experimentar este carro”, disse Brad Ashton, acrescentando que “ser independente e continuar a poder conduzir é muito importante para mim”.
Atualmente, Brad conduz um Nissan Micra e desempenha o papel de principal cuidador da sua mulher, Valerie. Substituir a condução convencional por um veículo autónomo poderia garantir-lhe a mobilidade de que necessita, sobretudo porque, como referiu, o serviço de autocarros local é escasso e não serve as necessidades da sua esposa.
“Pessoas como eu, que dependem de um carro ou que não podem conduzir, beneficiarão desta tecnologia para se manterem em contacto com os amigos e a família e para não se sentirem isoladas, especialmente nas zonas rurais”, sublinhou.
Inquérito revela impacto do isolamento nos idosos
A experiência de Brad coincidiu com a divulgação de um inquérito nacional encomendado pela Nissan à OnePoll, que recolheu respostas de 1000 pessoas com mais de 70 anos. As conclusões revelam uma preocupação clara com a perda de autonomia:
- 64% dos inquiridos disseram desejar que as tecnologias do futuro os ajudem a manter a independência;
- 63% não querem depender de terceiros para tarefas diárias como fazer compras ou visitar amigos;
- 36% dos que vivem em áreas rurais afirmam sentir-se socialmente isolados por não poderem conduzir;
- 21% referem que preferem manter contacto presencial com amigos e familiares, evitando alternativas digitais.
O estudo revela ainda que, apesar de alguma ansiedade perante a ideia de circular num veículo autónomo — com 67% dos inquiridos a admitir que se sentiriam “nervosos” —, há também curiosidade: 24% sentem-se intrigados, 12% espantados e 11% entusiasmados com a possibilidade.
Projeto evolvAD: um passo firme em direção ao futuro
A Nissan é líder técnica do consórcio evolvAD, um dos projetos de condução autónoma mais exigentes realizados até agora no Reino Unido. A investigação envolveu mais de 16.000 quilómetros percorridos por veículos autónomos em autoestradas, estradas urbanas, ruas residenciais e vias rurais britânicas, sem qualquer acidente.
O projeto junta-se a outras iniciativas anteriores da marca, como HumanDrive e ServCity, reforçando o objetivo da Nissan de tornar a mobilidade autónoma uma realidade acessível e segura, como parte da sua visão para um mundo “mais limpo, mais seguro e mais inclusivo”.
A investigação também teve avanços significativos no Japão, onde um veículo autónomo de testes percorreu com sucesso uma estrada urbana pública, demonstrando a viabilidade da tecnologia em cenários mais complexos.
“Para além de tornar a condução mais segura, reduzindo o erro humano, e mais limpa, melhorando a eficiência, esta tecnologia pode dar acesso à mobilidade a muito mais pessoas que atualmente não a podem ter devido à sua localização, idade ou deficiência”, afirmou David Moss, Vice-Presidente Sénior de Investigação e Desenvolvimento da Nissan na região AMIEO (África, Médio Oriente, Índia, Europa e Oceânia).
Moss destacou ainda o papel da equipa técnica britânica sediada no Centro Técnico Europeu em Cranfield, assegurando que o desenvolvimento desta tecnologia irá continuar com o objetivo de disponibilizar serviços de mobilidade autónoma aos clientes “nos próximos anos”.
A presença de Brad Ashton na fase final do projeto teve, segundo a Nissan, um valor simbólico. “Foi com orgulho e prazer que o recebemos para testar a tecnologia em estradas rurais típicas do Reino Unido e mostrar aos outros o que o futuro nos reserva”, concluiu David Moss.
Um futuro mais autónomo e menos isolado
Para os responsáveis da marca japonesa, a condução autónoma representa mais do que um avanço tecnológico: é uma ferramenta de inclusão social e de dignidade para as gerações mais velhas. A Nissan acredita que o acesso continuado à mobilidade, mesmo quando a condução convencional deixa de ser possível, pode fazer toda a diferença na qualidade de vida dos idosos, permitindo-lhes manter o contacto com a comunidade, cuidar de familiares e, acima de tudo, preservar a sua independência.
A tecnologia autónoma ainda enfrenta desafios — como as dúvidas sobre a capacidade de estacionamento dos veículos, brincou Brad Ashton —, mas para quem, como ele, tem uma longa história ao volante, a perspetiva de um futuro com carros que conduzem sozinhos é já um motivo de esperança.