Taxas de juro voltam hoje a descer? Especialistas explicam a última decisão do BCE em 2024

O Banco Central Europeu (BCE) volta hoje a sentar-se à mesa para mais uma reunião de política monetária, e na agenda pode estar mais uma descida das taxas de juro diretoras, que seria a quarta descida de 2024.

Recorde-se que, no passado dia 17 de outubro, o organismo liderado por Christine Lagarde reduziu as três principais taxas de juros do BCE em 25 pontos-base. Consequentemente, as taxas de juros sobre a facilidade de depósito, as principais operações de refinanciamento e a facilidade de empréstimo marginal foram reduzidas para 3,25%, 3,40% e 3,65%, respetivamente.

E na última reunião do ano, o que esperar?

Ricardo Evangelista, Diretor Executivo da ActivTrades Europe, acredita que, apesar da ligeira subida da inflação na zona euro registada nos últimos meses, sobretudo na área dos serviços, o BCE deve anunciar, pela quarta vez este ano, um corte nas taxas de juro. “No entanto, não prevejo que o banco central opte por um corte de meio porcento, devendo ficar-se pelos 25 pontos base.  Antevejo também o habitual discurso prudente, que, no entanto, deverá deixar a porta aberta para a continuação dos cortes em 2025”, explica.

Os analistas da Ebury esperam que o BCE se mantenha “cauteloso” na quinta-feira e avance com mais um corte de 25 pontos base nas taxas. No entanto, explicam, “é provável que haja um debate aceso entre os falcões e as pombas no Conselho e a Presidente Lagarde poderá confessar que houve discussões sobre a possibilidade de um corte jumbo de 50 pontos. É também provável que a presidente Lagarde saliente os crescentes riscos de abrandamento da economia na zona euro, em particular devido ao mal-estar político na Alemanha e em França e à perspetiva de tarifas pesadas sob Trump 2.0”.

Joana Vieira, Partner da Ebury Portugal, sublinha, no entanto, que existe “uma pequena probabilidade de algo maior”, e que “não podemos discordar desta previsão”.

Michael Krautzberger, Diretor de Investimento Global em Obrigações, Allianz Global Investors (Allianz GI), começa por explicar que os dados mais recentes da Zona Euro sugerem que a atividade económica está a abrandar no quarto trimestre, a confiança dos consumidores está a diminuir e os dados laborais mostram alguma deterioração. Paralelamente, mantém-se a tendência de desinflação, com o IPC geral e o subjacente da zona euro a situarem-se em 2,3% e 2,7% em termos homólogos, respetivamente, em novembro.

Assim, “esperamos que o Banco Central Europeu reduza as taxas em 25 pontos base (pb) na sua reunião de 12 de dezembro, elevando a taxa dos depósitos para os 3%”, sublinha o especialista.

 

E para 2025?

“O próximo ano irá com certeza apresentar ventos contrários para a economia da zona euro, que poderão incluir uma guerra comercial, ou pelo menos tarifas mais altas nas exportações para os EUA. Por isso perspetivo que o BCE irá gerir estes riscos continuando a baixar as taxas de juro, de forma a estimular a atividade económica e minimizar a possibilidade de recessão”, considera Ricardo Evangelista, prevendo um minino de 1% de cortes ao longo do próximo ano, levando a taxa de referência para os 2%

Já Michael Krautzberger sublinha: “Não acreditamos que o BCE acelere o ritmo da sua política antes de haver maior clareza sobre a futura política comercial dos Estados Unidos”.