Testes da vacina da AstraZeneca suspensos. Especialista diz ser “bom sinal” e OMS alerta para a segurança
A farmacêutica britânica AstraZeneca suspendeu os testes da fase final da vacina que está a desenvolver contra a covid-19, juntamente com a Universidade de Oxford, após uma suspeita de reação adversa séria num voluntário. No entanto, o vice-director do Instituto de Medicina Molecular, Bruno Santos, considera a suspensão “um bom sinal”.
“A suspensão para analisar o perfil de segurança mais detalhadamente é um bom sinal”, disse em declarações à Rádio Renascença (RR). “Não vejo isto com maus olhos, pelo contrário. Deve ser assim, bastante regulado”, acrescentou Bruno Santos.
O vice-director do Instituto de Medicina Molecular espera que em breve os ensaios clínicos retomem, por esta ser “uma das vacinas mais avançadas e uma das principais hipóteses de vacinação para a covid-19”, disse à RR.
A farmacêutica britânica confirmou a suspensão do ensaio clínico num comunicado enviado ao canal televisivo norte-americano ‘CNN’.
“Como parte dos testes globais controlados e randomizados em andamento da vacina de Oxford contra o novo coronavírus, o nosso processo de revisão padrão desencadeou uma pausa na vacinação para permitir a revisão dos dados de segurança”, revelou.
A AstraZeneca frisou ainda que se trata de “uma acção de rotina, que deve acontecer sempre que houver uma doença potencialmente inexplicada num dos ensaios, enquanto ela é investigada”, de forma a garantir que é mantida “a integridade dos ensaios”.
A Organização Mundial da Saúde (OMS) já reagiu à suspensão dos testes e diz que a segurança da vacina é a principal prioridade.
“Só porque falamos de velocidade não significa que comecemos a comprometer ou a cortar atalhos ao que normalmente seria avaliado”, disse a cientista-chefe da OMS, Soumya Swaminathan, na conferência de imprensa desta quarta-feira. “O processo ainda tem de seguir as devidas regras. Para medicamentos e vacinas que são dados às pessoas é preciso, antes de mais, testar a sua segurança”, acrescentou.
Governo britânico já se pronunciou
O ministro da Saúde do Reino Unido, Matt Hancock, também já comentou a interrupção dos ensaios. Em declarações à ‘Sky News’ defendeu a decisão da AstraZeneca de parar os testes devido a preocupações de segurança, que não considera necessariamente um retrocesso no desenvolvimento da vacina contra a Covid-19.
“É obviamente um desafio para esta vacina em particular”, disse à ‘Sky News’, acrescentando que se trata de “um processo-padrão nos ensaios clínicos sempre que encontram algo que precisam de investigar”.
Questionado se a suspensão dos ensaios atrasaria o processo de produzir uma vacina contra a Covid-19, Hancock respondeu: “Não necessariamente, depende do que encontram quando fazem a investigação”.
Os testes da vacina da AstraZeneca e da Universidade de Oxford estão já na fase três – a última antes da homologação do fármaco. Ainda não é conhecida a natureza da reação adversa detectada no voluntário.