Submarino russo com mísseis de longo alcance monitorizado ao largo da costa portuguesa

Durante dois dias, a Marinha e a Força Aérea portuguesas acompanharam a passagem de um submarino militar russo ao largo da costa de Portugal continental, numa rota de Sul para Norte. Trata-se do Krasnodar, um submarino da classe Kilo melhorada, equipado com torpedos e mísseis de cruzeiro Kalibr, cuja versão mais potente tem um alcance máximo de 2500 quilómetros, capaz de atingir alvos em terra a grande distância.

De acordo com fontes militares contactadas pelo Correio da Manhã, sob anonimato devido às atuais diretrizes que desaconselham a divulgação de informações sobre este tipo de operações, o Krasnodar terá entrado em águas internacionais dentro da Zona Económica Exclusiva (ZEE) portuguesa no dia 28 de abril. A embarcação russa, que seguia acompanhada por um navio de apoio — o rebocador Evgeniy Churov —, foi de imediato escoltada pelo navio-patrulha português Figueira da Foz, a partir de uma posição ao largo do Algarve e até Viana do Castelo, onde os navios regressaram à zona de responsabilidade espanhola.

Além do acompanhamento naval, a operação contou também com meios aéreos da Força Aérea. Um avião de patrulhamento marítimo e reconhecimento P-3C Orion, destacado da Base Aérea de Beja, participou em vários momentos da missão. Este tipo de aeronave, conhecido pela sua elevada autonomia, pode realizar voos com mais de dez horas de duração, o que lhe permite seguir deslocações marítimas em grandes áreas do Atlântico com elevada eficácia.

O submarino russo tem sido alvo de atenção por parte da NATO devido às suas características técnicas. Embora se trate de um submarino diesel-elétrico, o Krasnodar é conhecido por emitir um nível de ruído muito reduzido, o que o torna difícil de detetar. Desde o início do ano, a embarcação tem estado em operações no Mediterrâneo, tendo cruzado o Estreito de Gibraltar em direção a essas missões. Também nessa ocasião, a sua travessia foi monitorizada por meios portugueses.

A presença de embarcações militares russas na ZEE portuguesa tem-se tornado mais frequente nos últimos anos, levando à intensificação das operações de vigilância da Marinha e da Força Aérea em articulação com os parceiros da NATO. Embora estas presenças não representem, por si só, uma violação de soberania — por ocorrerem em águas internacionais —, obrigam à vigilância constante por parte das forças armadas nacionais, dado o potencial estratégico e militar destas unidades.