Sondagem: maioria dos portugueses está insatisfeita com a democracia e com os políticos

No dia em que se comemoram os 50 anos do 25 de abril, a democracia ainda não satisfaz 51% dos portugueses, com destaque para as mulheres e os jovens. Do lado dos 47% que se dizem satisfeitos, estão mais de metade dos mais velhos, segundo uma sondagem da Aximage para o JN, DN e TSF.

Os resultados da sondagem diferem consoante quem responde: Por exemplo, entre aqueles que têm maiores rendimentos, a avaliação é melhor (55%), mas para quem tem rendimentos mais baixos a insatisfação é maior (56%).

Já os eleitores dos dois maiores partidos fazem uma avaliação positiva da democracia (64% entre os socialistas), mas os que votam nos mais pequenos fazem uma avaliação negativa (67% entre o Chega).

Forças Armadas e polícias com saldo positivo

De acordo com a mesma sondagem, o grau de insatisfação dos portugueses tem correspondência na confiança (ou falta dela) nas instituições. Aqui, apenas as Forças Armadas (65% ) e as polícias (64%) registam saldo positivo.

A Presidência da República fica em 3.º lugar, mas já com saldo negativo: quando se analisam os diferentes segmentos da amostra, Marcelo Rebelo de Sousa só consegue saldo positivo entre os mais velhos e entre os eleitores da AD, do PS e da IL.

No fundo da tabela estão o Parlamento, o Governo, tribunais e juízes e autarquias todos com níveis de desconfiança acima dos 60%, com destaque para a Assembleia da República que regista 65%.

Grau de desconfiança elevado no Estado e políticos 

Quando confrontados com questões relacionadas com a democracia, os portugueses demonstram uma desconfiança sobre a atuação do Estado e dos políticos, mostra a sondagem da Aximage.

67% dos inquiridos discordam que os políticos se preocupem com os interesses de pessoas como eles (sobretudo os jovens) e outros 58% discordam que o Estado atue em beneficio de todos.

Isto não é sinónimo, no entanto, de descrença total nas soluções do sistema político: 85% acreditam no poder do voto e 67% encontram pelo menos um partido que representa os seus pontos de vista e valores.

E como é possível aperfeiçoar a democracia? As respostas dividem-se: 33% sugerem “melhores políticos”, 26% defendem “cidadãos mais informados e mais participativos”, 15% consideram que a democracia será melhor com “maior prosperidade económica”, 13% “com melhor igualdade” e, finalmente, 11% referem uma reforma do sistema eleitoral.

Condições de vida? só melhoraram para 17%

O retrato que os portugueses fazem das suas condições de vida não é muito animador e a esperança no futuro também não é elevada: 43% não encontram grandes diferenças e consideram que, nos últimos anos, a vida está “igual”, 39% consideram que “ piorou” e só para 17% a vida “melhorou”.

E o futuro? 33% esperam estar melhor (quanto mais jovens mais otimistas), 31% preveem o pior e 30% não antecipam mudanças.