
Sondagem: AD reforça liderança e aproxima-se da maioria com a IL
A três semanas das eleições legislativas, a Aliança Democrática (AD) reforça a sua vantagem sobre o Partido Socialista (PS) e consolida a possibilidade de formar uma maioria no Parlamento com o apoio da Iniciativa Liberal (IL). Segundo a sondagem mais recente da Pitagórica para o Jornal de Notícias (JN), TSF e TVI/CNN, publicada este domingo, a coligação liderada por Luís Montenegro atinge 34,8% das intenções de voto, sete pontos acima dos 28,1% de Pedro Nuno Santos.
Este resultado confirma a tendência registada no final de março e situa a liderança da AD fora da margem de erro da sondagem (3,16 pontos percentuais). O intervalo máximo atribuído ao PS (30,9%) permanece abaixo do mínimo atribuído à AD (31,8%), eliminando qualquer cenário de empate técnico.
A queda do número de indecisos — agora 15,4%, sobretudo entre jovens, mulheres e residentes na região de Lisboa — poderá ainda baralhar as contas eleitorais nas próximas semanas, mas favorece, para já, a possibilidade de Luís Montenegro conquistar a maioria necessária para governar sem depender do Chega, cuja estagnação continua evidente.
Centro-direita supera resultados que garantiram maioria absoluta a António Costa
A aliança potencial entre a AD e a IL ganha força: juntas, somam 42,2% das intenções de voto, um valor superior aos 41,4% que deram a António Costa a maioria absoluta em janeiro de 2022. Ainda assim, o cenário não garante automaticamente a obtenção dos 116 deputados necessários, dado o sistema eleitoral baseado no método de Hondt e a divisão dos 230 lugares parlamentares pelos 22 círculos eleitorais do país.
Apesar disso, o crescimento das duas forças políticas é expressivo: seis pontos percentuais para a AD e quase três pontos para a IL, em comparação com as legislativas de 2024. Este cenário evidencia a expectativa, já assumida pelos liberais, de integrar um eventual governo liderado por Montenegro.
Entretanto, o Chega, liderado por André Ventura, regista uma quebra de mais de três pontos em relação ao ano passado, fixando-se agora nos 15,2%. A tentativa de Montenegro de captar eleitores descontentes do Chega poderá ser decisiva para assegurar a maioria parlamentar.
PS mantém estabilidade, mas enfrenta dificuldades nas faixas etárias intermédias
Apesar do avanço do centro-direita, o PS mantém um desempenho estável. Os 28,1% atuais reproduzem praticamente os resultados de 2024 (28%) e alinham-se com a média das seis sondagens realizadas este ano pela Pitagórica para os mesmos órgãos de comunicação.
A notícia mais favorável para Pedro Nuno Santos é a recuperação da liderança entre os eleitores com 65 ou mais anos. Este segmento, crucial em termos eleitorais, atribui agora ao PS 37% das intenções de voto — seis pontos percentuais acima da AD e IL combinadas (33%). Contudo, o partido enfrenta dificuldades entre os 35 e os 54 anos, escalões onde mal ultrapassa os 14%, ficando atrás tanto da AD como do Chega.
No conjunto da esquerda (PS, Livre, CDU, BE e PAN), a situação também é desfavorável: somam apenas 39% do eleitorado, contra 57% da direita (incluindo o Chega). A exceção, uma vez mais, está entre os pensionistas, onde a esquerda lidera com 46% contra 39%.
Livre e CDU crescem, BE e PAN enfrentam crise profunda
À esquerda do PS, o Livre, liderado por Rui Tavares, projeta 4,4% das intenções de voto. Embora este valor represente uma queda de um ponto face a março, é superior ao resultado obtido em 2024. Já a CDU (coligação entre PCP e Os Verdes) regista 4,1%, evidenciando uma recuperação consistente em relação ao ano passado, atribuída em parte ao desempenho de Paulo Raimundo nos debates eleitorais.
Em sentido inverso, o Bloco de Esquerda, sob liderança de Mariana Mortágua, desce para 1,9%, o que poderá traduzir-se numa representação parlamentar reduzida a apenas um ou dois deputados, caso o cenário se confirme. O PAN, liderado por Inês Sousa Real, afunda-se ainda mais, fixando-se em 0,6%, e corre sério risco de perder a presença no Parlamento.
AD domina regiões e grupos etários intermédios; PS lidera entre jovens e idosos
A análise detalhada da sondagem permite identificar clivagens regionais e geracionais significativas. A AD lidera confortavelmente no Centro, Norte, Sul e nas Regiões Autónomas, enquanto o PS mantém a liderança apenas na área de Lisboa — região onde também Livre e CDU registam os seus melhores desempenhos.
Em termos de idade, o PS mostra força nos extremos etários: entre os jovens dos 18 aos 24 anos e entre os mais velhos, com mais de 65 anos. Já a AD domina nas faixas intermédias, dos 35 aos 64 anos, com vantagens expressivas que variam entre 15 e 18 pontos percentuais.
O Chega, por sua vez, atinge o pico de popularidade no grupo dos 45-54 anos, o mais conservador do espectro etário, enquanto a Iniciativa Liberal regista um crescimento notável entre os 25-34 anos, ficando a apenas um ponto do Chega nesse segmento.
Em termos de género, a sondagem confirma a maior proporção de eleitorado masculino tanto no Chega como na IL, sendo que esta última apresenta o maior desequilíbrio de género. A AD mostra equilíbrio quase perfeito, enquanto o PS e o BE continuam a apresentar uma ligeira vantagem entre as eleitoras.