Sondagem: AD ganha (ainda) mais terreno ao PS e atinge novo máximo, mas maioria parlamentar continua fora de alcance

A coligação Aliança Democrática (AD), liderada por Luís Montenegro, reforçou a sua liderança nas intenções de voto, abrindo uma vantagem recorde de nove pontos face ao Partido Socialista (PS). Segundo os dados da mais recente vaga da sondagem diária da Pitagórica para o Jornal de Notícias, TSF e TVI/CNN Portugal, divulgada esta segunda-feira, a AD regista 35,6% das intenções de voto, enquanto o PS recua para os 26,9%. A diferença nunca foi tão grande desde o início desta tracking poll, mas continua insuficiente para garantir uma maioria parlamentar, mesmo com o apoio da Iniciativa Liberal (IL), cuja tendência é de queda.

Este reforço da AD surge após dois eventos políticos com elevada visibilidade: o frente a frente televisivo entre Luís Montenegro e Pedro Nuno Santos, a 30 de abril, e um concerto nos jardins do Palácio de São Bento, no dia seguinte, em que o líder da coligação cantou em dueto com Tony Carreira o tema “Sonhos de Menino”. Três quartos dos inquiridos desta vaga foram entrevistados após estes acontecimentos, o que poderá ter influenciado os resultados agora divulgados.

O crescimento da AD (mais um ponto face ao dia anterior e quase dois desde o início da sondagem) contrasta com a queda do PS, que perdeu quase um ponto em 24 horas e mais de dois relativamente às legislativas de março de 2024. Com uma margem de erro de 3,51%, o patamar máximo estimado para o PS (30%) fica já atrás do mínimo possível da AD (32,2%). Ainda assim, mesmo com a IL a somar 6,6%, a soma não garante à direita uma maioria confortável. Pior ainda para os liberais: a tendência é descendente, com uma perda de mais de um ponto desde o início da sondagem. Nenhum outro partido apresenta um desempenho tão negativo.

Entre os restantes partidos, o Chega mantém-se como terceira força política (16,2%), embora também em ligeira queda. O Livre (3,9%) destaca-se pela positiva, ganhando quase um ponto face a 2024, enquanto a CDU (3,1%) permanece estável. O Bloco de Esquerda (2,1%) volta a ser o partido com maior quebra proporcional face às últimas eleições. Já o PAN (0,9%) arrisca desaparecer do Parlamento, caso a tendência se mantenha. A percentagem de indecisos estabilizou nos 17,5%, mas entre os mais jovens (18 a 34 anos), o número é bem superior: 23%.

Olhando para os segmentos da amostra, verifica-se que AD e PS têm melhores resultados entre os eleitores mais velhos, mas é entre os 35 e os 54 anos que a AD mais cresceu — seis pontos desde o início da tracking poll. Já entre os jovens, é visível a queda da Iniciativa Liberal, o que permite ao PS empatar no terceiro lugar deste escalão etário. A AD lidera entre os mais novos (21%), mas começa a ser ameaçada pelo Chega, que atinge os 19% nessa faixa.

Geograficamente, a AD mantém-se forte no Norte (33%) e atinge o seu melhor resultado no Sul e nas ilhas (36%). Lisboa volta a pender para o PS, cuja tendência de crescimento é mais visível na capital. No Centro, porém, os socialistas perderam quatro pontos num só dia. A IL apresenta melhor desempenho em Lisboa (8%) e no Norte (7%). Já o Livre, mesmo em queda em Lisboa (4%), continua à frente da CDU, BE e PAN (todos com 2%).

No que toca ao género, a vantagem da AD entre as mulheres é notória: 32% contra 22% do PS, sem distribuição dos 18% de indecisas. O Chega continua ligeiramente mais masculino, e a IL e a CDU apresentam um eleitorado marcadamente masculino, com os homens a representar o dobro ou mais das intenções de voto face às mulheres.

A sondagem da Pitagórica inclui ainda indicadores complementares. Um deles é a perceção de quem vencerá as eleições: 72% dos inquiridos apontam para Luís Montenegro, uma subida de três pontos desde o início da sondagem. Apenas 12% acreditam numa vitória de Pedro Nuno Santos. No que toca à prestação nos debates e entrevistas, Montenegro cresce para 23,5%, ultrapassando Pedro Nuno (10,5%), que é agora também superado por André Ventura (10,7%). Já na evolução da opinião sobre os líderes, Rui Tavares (Livre) lidera com um saldo positivo de 10 pontos, seguido de Rui Rocha (IL) com nove. Montenegro mantém-se neutro (saldo zero), enquanto Pedro Nuno tem um saldo negativo de 12. André Ventura surge no fundo da tabela, com um saldo de -26 pontos.