“Solução pode passar por investir o dinheiro a longo prazo em produtos com algum risco”, afirma Analista Financeiro da DECO PROTeste

Por António Ribeiro, Analista Financeiro da DECO PROTeste

 

Gerir as poupanças requer alguns cuidados, já que todos os produtos de capital garantido e baixo risco proporcionam atualmente taxas inferiores à inflação (5,4% em 2023, segundo a mais recente previsão do Banco de Portugal). Na prática, as poupanças estão a perder valor real, e os portugueses estão a perder poder de compra.

Grande parte dos portugueses continua a ter o dinheiro parado em depósitos a prazo. A taxa de juro dos novos depósitos a prazo está a subir, como confirmam os dados mais recentes do Banco de Portugal: a remuneração média aumentou para 1,81%, o valor mais alto dos últimos nove anos.

Ainda assim, Portugal continua a ter uma taxa muito abaixo da média dos países da zona euro, que foi de 3,03%, em agosto.

Os títulos de dívida do Estado já foram uma solução mais interessante, pois a nova série dos Certificados de Aforro apresenta um rendimento mais baixo; e os seguros de capitalização escasseiam e raramente superam os melhores depósitos.

A solução pode passar por investir o dinheiro a longo prazo em produtos com algum risco, mas com um rendimento potencial superior. Há dois tipos de poupança que são fundamentais para uma boa gestão das finanças pessoais: uma poupança de curto prazo, com a criação do fundo de emergência para fazer face a imprevistos que vão surgindo; e uma poupança de longo prazo, com a constituição de um pé-de-meia que sirva, no futuro, de complemento à pensão de reforma.

Assim, se para o curto prazo, os depósitos e Certificados de Aforro são os produtos mais adequados, apenas conseguirá superar a inflação se aplicar uma parte das suas poupanças a longo prazo, em produtos com maior potencial de rendimento. Sugerimos que aplique uma parte das suas poupanças, a parte que não vai necessitar por um prazo mínimo de cinco anos, em fundos de investimento, seja num fundo ou ETF diversificado ou numa carteira de fundos.

Deixo ainda algumas dicas elementares: antes de investir, elimine as dívidas. Tenha atenção à fonte de informação: os gestores de conta apenas lhe podem propor as soluções daquela instituição e os influenciadores digitais normalmente são patrocinados; procure fontes isentas e credíveis. Inicie a poupança para a reforma quanto antes, o ideal é subscrever um PPR assim que começa a trabalhar, na casa dos 20 anos.

Encare a poupança como um encargo regular. Crie um fundo de emergência. Procure obter um rendimento acima da inflação, de forma a conseguir um rendimento real positivo. Não invista em produtos estranhos, que não conhece. Diversifique por vários bancos e produtos, essa é também uma forma de diminuir o risco. Invista em produtos com mais risco, tirando partido dos mercados financeiros, mas apenas com o dinheiro de que não necessita a curto e médio prazo. E escolha sempre os produtos de acordo com o seu perfil: se não lida bem com o risco, procure os melhores produtos de capital garantido ou então opte por fundos mais defensivos, não tendo o capital garantido, aplicam uma parte pequena em ações, por exemplo.