Sobreiros contra o novo aeroporto: Ativistas do Climáximo plantam árvores no Campo de Tiro de Alcochete
O coletivo Climáximo promoveu esta tarde uma ação simbólica nos terrenos do Campo de Tiro de Alcochete, onde o Governo português planeia construir o novo aeroporto de Lisboa. O protesto incluiu a plantação de sobreiros e a exibição de uma faixa com a frase “Aeroporto de Alcochete p’ró cacete – Nem aqui, nem em lado nenhum!”, numa clara rejeição à expansão aeroportuária e à política de crescimento das emissões poluentes.
A intervenção decorreu num dos locais em avaliação pelo Governo como futura localização do novo aeroporto da capital. Com a plantação de sobreiros, os ativistas quiseram simbolizar a resistência climática face ao que consideram ser um projeto destrutivo e ecologicamente insustentável. “Nem em Alcochete, nem em lado nenhum”, declarou o Climáximo num comunicado enviado às redações, sublinhando que “a resistência climática é a única forma de travar a destruição e de construir um presente e um futuro justo e digno para todas as pessoas”.
Bianca Castro, porta-voz da iniciativa, afirmou que a construção de um novo aeroporto “é o equivalente a lançar bombas de carbono na atmosfera”. Segundo a ativista, estes projetos contribuem para fenómenos extremos e para o agravamento das alterações climáticas: “vão devastar vidas por todo o mundo devido a fenómenos como o aumento da temperatura, o degelo, a intensificação das secas, quebra de colheitas e eventos extremos como tempestades e incêndios”.
A ativista lembra ainda alertas recentes da comunidade científica, que indicam que a subida do nível médio do mar poderá provocar “migrações catastróficas para o interior ainda no nosso tempo de vida”, e responsabilizou governos e empresas por continuarem a apostar na expansão da aviação, “sabendo perfeitamente que estes novos projetos e a continuação da queima de combustíveis fósseis vão matar e deixar sem casa milhões de pessoas”.
“Semente de resistência e perseverança”
O protesto teve também um carácter político mais alargado, com referências à conjuntura pós-eleitoral em Portugal. “No domingo passado, trememos ao assistir ao crescimento da extrema-direita”, afirmou Bianca Castro, acrescentando que “a única forma de travar a destruição climática e social em curso é resistir nas ruas, agindo diretamente contra este sistema construído para falhar”.
De acordo com o coletivo, o projeto para um novo aeroporto prevê o abate de pelo menos 42 mil sobreiros, árvores que classificam como “um pulmão” essencial na filtragem de carbono da atmosfera. Como resposta simbólica, os ativistas plantaram novos sobreiros no terreno, afirmando que o gesto representa “uma semente de resistência e perseverança, desafiando a morte e desolação que um novo aeroporto traria”.
Convocatória para protesto em Lisboa a 1 de junho
No mesmo comunicado, o Climáximo apela à mobilização popular contra a expansão aeroportuária e convida “todas as pessoas que estão assustadas e enraivecidas com o resultado das eleições” e que “sabem que a crise climática tem de ser travada já” a participarem numa ação de protesto no próximo dia 1 de junho.
O protesto, descrito como uma “assentada popular contra a expansão aeroportuária e o sistema fóssil”, terá início às 15h na Alameda D. Afonso Henriques, em Lisboa. Entre as exigências do coletivo estão a eliminação imediata de voos considerados “inúteis”, como o trajeto Lisboa-Porto, o fim dos jatos privados, a redução drástica do setor da aviação e a aposta em transportes públicos gratuitos e eletrificados para toda a população.