Sob pressão dos EUA, empresa chinesa vende principais portos do Canal do Panamá

A gigante de logística CK Hutchison Holdings, sediada em Hong Kong, anunciou a venda de uma participação maioritária nos portos de Balboa e Cristobal, localizados nas extremidades do Canal do Panamá. O negócio, avaliado em quase 23 mil milhões de dólares (aproximadamente 21,5 mil milhões de euros), foi fechado com um consórcio que inclui a multinacional americana de investimentos BlackRock.

A venda ocorre num contexto de crescente pressão dos EUA, após o presidente Donald Trump manifestar interesse em reforçar o controlo americano sobre a rota estratégica. O líder norte-americano chegou a afirmar que o seu governo iria “recuperar” o Canal do Panamá, apontando alegada influência chinesa sobre a infraestrutura.

No entanto, a CK Hutchison Holdings garantiu que a decisão foi estritamente comercial e não teve relação com questões políticas, revela a ‘Sky News’. “Gostaria de enfatizar que a transação é de natureza puramente comercial e totalmente independente de notícias políticas recentes sobre os Portos do Panamá”, declarou Frank Sixt, codiretor administrativo da empresa.

O acordo foi anunciado um mês após a visita do secretário de Estado dos EUA, Marco Rubio, à Cidade do Panamá. Na terça-feira à noite, Trump celebrou a venda, afirmando ao Congresso que “uma grande empresa americana anunciou que está a comprar os dois portos ao redor do Canal do Panamá”. Segundo o presidente, este seria um passo importante na estratégia do seu governo para reforçar a presença dos EUA na região.

Além dos portos do Panamá, o consórcio comprador assumirá o controlo de 43 portos em 23 países, como parte de um acordo mais amplo para aquisição de ativos da Hutchison Port. A venda de 90% da Panama Ports Company, responsável pela administração das infraestruturas até 2047, marca um novo capítulo na gestão do Canal do Panamá e pode redefinir a influência geopolítica na região.