
Só restaram os ‘alcatraces’: prisão mais célebre dos EUA fechou portas há 62 anos
A ilha mais temida na baía de São Francisco (EUA) foi, durante muito tempo, a ilha-prisão de Alcatraz. A prisão de segurança máxima foi construída em 1934 e encerrada a 21 de março de 1963, há exatamente 62 anos.
A ilha de Alcatraz deve o seu nome ao termo castelhano ‘alcatraces’, ou seja, pelicanos. É um enorme bloco de rocha de cinco hectares, sem vegetação. Foi comprada pelos EUA aos mexicanos em 1847 e sete anos mais tarde abrigou o primeiro farol na costa do Pacífico.
Eternizado em livros e filmes, o nome Alcatraz tornou-se sinónimo de um local impossível de se escapar. Em princípio, eram transportados para lá os desertores da Guerra Civil americana. Mais tarde, os que se negavam a prestar serviço militar.
A ilha foi administrada pela Secretaria da Guerra dos EUA até 1934, passando oficialmente então à pasta da Justiça, como prisão de segurança máxima. Embora tão próximos da civilização, chegar até ela era praticamente impossível.
Em cada cela, de escassos seis metros quadrados, havia uma cama, uma pequena mesa e um vaso sanitário. Os presos raramente podiam ouvir rádio ou assistir televisão e recebiam visitas apenas uma hora por mês. A vigilância era total e quem infringisse as duras regras ia para a solitária, uma cela onde se ficava completamente às escuras, 24 horas por dia.
A rotina era fixa: acordar às 6h30, café meia hora depois, seguido de trabalho. Depois vinha o almoço, às 11h40, e mais trabalho. O jantar já era servido às 16h20 e às 21h30 eram apagadas as luzes.
Concebido para cerca de 500 prisioneiros, Alcatraz nunca teve mais de 250 detidos, que passavam em média dez anos na ilha. Dos 11.576 prisioneiros que passaram pela ilha em 30 anos, 34 tentaram fugir em 14 tentativas diferentes; 23 foram capturados poucas horas depois, seis foram mortos ainda na ilha e cinco são oficialmente dados como desaparecidos. Presume-se que morreram afogados nas águas frias da baía de São Francisco.
Até o mafioso Al Capone passou uma temporada no na célebre prisão que foi tema de vários filmes de Hollywood. ‘Alcatraz, Fuga Impossível’ (1979), dirigido por Donald Siegel e com Clint Eastwood no principal papel, é o mais famoso deles e conta a história real dos únicos que conseguiram fugir da prisão, considerada na sua época a mais segura dos Estados Unidos. Trata-se da história de Clarence Anglin, o seu irmão John e Frank Morris, que desapareceram da ilha a 11 de junho de 1962 e nunca mais foram vistos.
Após meses de planeamento, no qual os três cavaram um buraco na parede das suas celas, produziram bonecos para enganar os guardas e construíram uma jangada improvisada para navegar na baía: terão conseguido deixar a ilha, mas nunca ficou claro se conseguiram sobreviver à investida nas águas geladas – os seus corpos nunca foram encontrados.
Ken e David Wildner, sobrinhos de John e Clarence Anglin, participaram num documentário do canal norte-americano ‘History’ sobre a fuga e afirmaram que os dois tios sobreviveram e possivelmente ainda estão vivos, aos 85 e 84 anos, respetivamente, e a morar no Brasil.
Uma foto divulgada no documentário mostra dois homens à beira de uma estrada nos anos 1970, supostamente no Brasil. Foi examinada por peritos americanos, que fizeram um trabalho de reconhecimento facial e disseram que é muito possível que os homens sejam realmente os fugitivos de Alcatraz.
A imagem foi entregue à família em 1992 por um amigo de infância dos irmãos, Fred Brizzi, que disse tê-los encontrado no Rio de Janeiro em 1975. Brizzi, que traficava drogas da América do Sul para o Estado da Flórida na década de 1970, teria, então, visitado uma quinta que os irmãos possuíam no Brasil e tirado a foto no local.
Em 1996, foi a vez de Nicolas Cage e Sean Connery transformarem a prisão em cenário da aventura ‘A Rocha’. Desde 1973 são permitidas visitas turísticas à ilha.