SMS ainda dão sinais de vida: recorde o crescimento e o declínio depois de a tecnologia ter sido ‘enterrada’ pelo WhatsApp e iPhone

Ainda se lembra do SMS?

Nasceu em 1992, atingiu o seu apogeu nos primeiros anos deste século, mas, num campo tecnológico com uma evolução tão rápida e agora com tantas alternativas, esta tecnologia, outrora predominante, hoje parece fazer parte da pré-história.

A 3 de dezembro de 1992 foi enviado o primeiro SMS da história: o engenheiro britânico Neil Papworth, arquiteto de software para o Grupo Sema, empresa que colaborava com a Vodafone, enviou, através do seu computador, a primeira mensagem curta – os trabalhos para atingir o SMS (‘Short Message Servive’) já estavam em andamento desde a década de 1980.

Foi um simples “Feliz Natal”, dizia o texto, enviado para o telefone Orbitel 901 de Richard Jarvis, administrador da Vodafone, que estava presente no jantar de Natal da empresa. Papworth, então com 22 anos, usou a rede dos Estados Unidos para enviar aquela mensagem a partir de um computador.

Foi preciso um ano para chegar ao mercado o primeiro telemóvel que permitia o envio de SMS: apesar do ecrã pequeno, foi um marco na história das telecomunicações: em 1993, a Nokia introduziu um som distinto nos seus telemóveis para sinalizar as mensagens recebidas e assim diferenciá-las das chamadas. A tecnologia foi polida nos anos seguintes: um dos principais desafios no início foi que os SMS apenas podiam ser enviados para a mesma operadora – só em 1999 é que a norma GSM permitiu o envio para redes diferentes.

O impacto foi mundial: as SMS tornaram-se hegemónicas na década de 2000, tanto que até criou uma nova linguagem, com abreviações e emoticons para adaptar a mensagem ao espaço disponível: pois, imagine-se, devido a limitações técnicas, e depois pelo modelo de negócios das operadoras, o texto estava limitado a 160 caracteres.

O impacto foi tremendo: a nível económico, os utilizadores dispunham agora de um sistema de comunicação eficiente, mais barato do que uma chamada. Para as operadoras, foi uma revolução: apesar de serem baratos, os seus custos eram praticamente inexistentes para as empresas, pelo que se tornaram extremamente lucrativos.

A partir daí, só dava SMS: surgiram empresas para vender tons e melodias para os telemóveis para os utilizadores que não se contentavam com o clássico Nokia Tune: o sucesso foi tão grande que as empresas até copiavam os sons dos anúncios de televisão da época – geraram receitas de 700 milhões de euros por ano na União Europeia e, no seu pico, representaram até 40% das receitas da música digital.

2007 foi o ano mais importante para o SMS, com um recorde de 13.425 milhões de mensagens enviadas. Mas, depois da explosão, veio o declínio. Os responsáveis? No final dos anos 2000, surgiram duas tecnologias que colocaram em xeque o SMS: o iPhone, o que trouxe uma nova geração de smartphones, e o WhatsApp, que trouxe a comunicação para uma nova era.

A nova geração de telefones, que lhes permitiu estar constantemente conectada à internet, juntamente com as novas aplicações, que permitiam que as mensagens fossem enviadas gratuitamente, significou o ‘fim’ do SMS, que nunca mais recuperariam o seu esplendor.

No entanto, não desapareceram, apenas se reiventaram, explica o jornal espanhol ‘El Economista’: continuam a ser um canal de comunicação muito importante, oferecendo algumas vantagens em questões de segurança, privacidade e nível de atenção.

Por exemplo, tornou-se um importante canal para estratégias de marketing de negócios, especialmente desde o boom do comércio eletrónico, como forma de divulgar ofertas, promoções ou alcançar um número maior de clientes. Mas atualmente a sua função mais proeminente pode ser a da verificação de segurança, para autenticar a identidade do utilizador. Há também ‘um lado negro’: tem sido associado a golpes de cibercriminosos, com SMS que incluem um link fraudulento.

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