
Sismos afetam a Côte d’Azur: é possível um tsunami no Mediterrâneo?
A região da Côte d’Azur, uma das zonas mais sísmicas da França metropolitana, voltou a ser abalada por tremores de terra. No passado dia 18 de março, um sismo de magnitude 4,1 foi sentido em toda a região, seguido, no final da noite, por uma réplica de magnitude 3,8. Estes fenómenos, relativamente frequentes, estão a alimentar preocupações entre cientistas e autarquias sobre a possibilidade de um tsunami.
Apesar de os abalos sísmicos serem comuns na região, os especialistas sublinham que o risco de um tsunami existe, embora seja considerado improvável. Christophe Larroque, geólogo do laboratório Géoazur, explicou à BFMTV que eventos semelhantes já ocorreram no passado: “A possibilidade de um sismo mais forte existe. O risco de um tsunami na Côte d’Azur é real, mas difícil de prever.”
O cientista recorda o terramoto de 23 de fevereiro de 1887, ocorrido no Mar da Líguria, com uma magnitude estimada de 6,7. “O epicentro situou-se a cerca de 15 quilómetros da costa, ao largo de Nice, e provocou um tsunami que afetou a zona entre Génova e Fréjus, com ondas que chegaram a atingir dois metros de altura.”
Os cientistas estão atualmente a estudar cenários baseados no evento de 1887. De acordo com Larroque, “um sismo de magnitude semelhante poderia gerar ondas de dois a quatro metros, o que representaria um perigo significativo para as populações costeiras.”
Embora não comparável a tsunamis devastadores como o de 2004 no Oceano Índico, que ocorreu após um terramoto de magnitude superior a 9, o impacto de um tsunami na Côte d’Azur não deve ser desvalorizado. “Se ocorrer durante o verão, quando as praias estão cheias, uma inundação de dois metros pode causar vítimas em grande escala”, alerta o geólogo.
Várias cidades da região têm tomado medidas preventivas. Cannes, por exemplo, foi pioneira na organização de exercícios de preparação para tsunamis e implementou vários sistemas de alerta para proteger os seus habitantes. No entanto, nem todas as localidades dão a mesma importância ao risco, considerando-o demasiado baixo para justificar medidas adicionais.
O objetivo das autoridades e cientistas é manter a população informada e preparada, sem provocar pânico. “Sabemos que vai acontecer, mas não conseguimos prever quando”, explica Larroque. “Pode ser daqui a dez anos, cem anos ou até mesmo amanhã. Estatisticamente, estamos a aproximar-nos do próximo evento, mas a probabilidade continua a ser baixa.”