Síria perde 1,5% da população total numa década de guerra, revela ONU
O conflito na Síria eclodiu em março de 2011 e um relatório divulgado esta terça-feira pela agência das Nações Unidas para os Direitos Humanos aponta para a estimativa de mortes de civis mais elevada até hoje.
Entre 1 de março de 2011 e 31 de março de 2021, o Gabinete das NU para os Direitos Humanos contabilizou 306.887 mortes de civis na Síria como resultado direto do conflito. A Alta-Comissária para os Direitos Humanos, Michelle Bachelet, afirma que “os números de baixas relacionadas com o conflito deste relatório não são simplesmente um conjunto de números abstratos, mas representam seres humanos individuais”.
🇸🇾#Syria: Our new report estimates 306,887 civilians were killed over 10 years in the conflict.
“These are not abstract numbers, but represent human beings. The killings had profound impacts on families & communities”– UN Human Rights Chief @mbachelet.
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— UN Human Rights (@UNHumanRights) June 28, 2022
O relatório foi encomendado pelo Conselho dos Direitos Humanos das NU e foi construído com base em testemunhos e técnicas de análise estatística para preencher lacunas nas informações obtidas pelos especialistas.
Bachelet sublinha que este número reflete “apenas” as mortes causadas diretamente por operações de guerra, e “não inclui os muitos, muitos mais civis que morreram devido a perdas de acesso a cuidados de saúde, a alimentos, a água potável e a outros direitos humanos essenciais, que ainda precisam de ser avaliados”.
O relatório concluiu que o número de 306.887 civis mortos significa que todos os dias durante a última década “83 civis sofreram mortes violentas devido ao conflito”. Além disso, esse número representa 1,5% da população total da Síria antes do início do conflito, o que levanta “sérias preocupações” sobre a incapacidade “das partes no conflito para respeitarem as normas do Direito Humanitária Internacional sobre a proteção de civis”.
O documento aponta ainda para o perigo enfrentado por aqueles que procuram documentar as mortes de civis, tornando-se alvos para forças que pretendem impedir que esse registo seja feito e divulgado para o público.
“A não ser que o conflito termine, ou até que ele acabe, existe um risco contínuo de mortes de civis”, dizem os especialistas que assinam o relatório, e apelam para que “todos os Estados, as Nações Unidas e a sociedade civil usem todos os meios disponíveis para terminarem o conflito e apoiar uma transição para a paz”.