Sim, até os CEO precisam de mentores. Eis porquê

Por: Andy Lopata, Fast Company

As pessoas que se tornam líderes tendem a ver o seu cargo como um guia para os outros. Nesse processo, esquecem-se do facto de que elas próprias continuam a precisar de ajuda e de conselhos. A verdade é que os grandes líderes precisam de grandes mentores. Mesmo no topo, os líderes precisam de alguém ao seu lado. O problema é que encontrar um feedback honesto é cada vez mais como tentar apanhar um unicórnio. Parece esquivo e, por vezes, absolutamente impossível.

Os desafios de liderança
Os CEO enfrentam um panorama repleto de complexidade e incerteza. É certo que podem estar equipados com a experiência inestimável que os levou ao topo em primeiro lugar. Contudo, a natureza da liderança a este nível exige uma mudança de perspectiva.
Quando se é líder, já não se trata apenas de executar o trabalho da melhor forma possível. Tem de se certificar de que o pensamento estratégico, a definição de uma visão e o envolvimento dos stakeholders estão no centro das atenções. As suas decisões e acções também têm um maior impacto potencial à medida que se torna responsável por mais pessoas e por um orçamento maior. Um passo em falso e não é apenas a sua reputação que está em jogo – é também os resultados da empresa.
Neste ambiente de alto risco, a necessidade de apoio e aconselhamento fiável torna-se mais importante do que nunca.

Quebrar a câmara de eco
Um dos maiores obstáculos que os CEO encontram é o isolamento que acompanha a sua posição. Na maior parte dos
casos, o líder está frequentemente fechado numa câmara de eco, sem a verdade e as preocupações crescentes. Os subordinados hesitam muitas vezes em dar más notícias ou em oferecer opiniões divergentes. Winston Churchill queixou-se de que «a tentação de dizer a um chefe numa grande posição as coisas que ele mais gosta de ouvir é uma das explicações mais comuns para políticas erradas».

Mentores adequados
Isto leva-nos à importância dos mento-res para os CEO e à necessidade de estes adoptarem uma abordagem criteriosa quando procuram um. Os CEO, pela natureza da sua posição, precisam de lançar uma rede mais ampla para além da
sua organização. Antigos colegas, executivos reformados ou personalidades do sector podem servir de guias valiosos – principalmente aqueles que já desempenharam funções de CEO.
Um CEO europeu de um banco internacional demonstrou este desafio numa conversa com Andy. Desenhou uma pirâmide e explicou como, quando tinha muitos colegas à sua volta, podia recorrer a qualquer número de pessoas para obter conselhos e apoio – tanto entre esses colegas como acima dele na organização.
Mas, como CEO, essas opções desapareceram. Os poucos pares que tinha enfrentavam os seus próprios problemas, e ninguém estava acima dele. Por isso, teve de recorrer a redes fora da sua própria organização, explicou, enquanto desenhava uma segunda pirâmide.
Fora da organização, os líderes podem encontrar pares mentores ou amigos que assumem o duplo papel de mentores – a que gostamos de chamar “Friendtors”. Eles também podem liderar organizações e enfrentar desafios e frustrações semelhantes. Também pode valer a pena procurar fora do seu próprio sector para encontrar colegas com quem trabalhar. Desta forma, pode obter uma perspectiva objectiva (e diversificada) sem cair no pensamento de grupo do seu próprio sector.
Além disso, cultivar relações com colegas de sectores diferentes ou envolver-se em mentoria inversa com funcionários juniores pode proporcionar novas perspectivas e manter os CEO sintonizados com as tendências emergentes. Jack Welch – o antigo CEO da General Electric – apercebeu-se, por exemplo, de que os funcionários juniores tinham mais conhecimentos de internet do que os executivos. Como resultado, ordenou à liderança que passasse tempo com os funcionários mais jovens e aprendesse tudo o que pudesse sobre esta nova tecnologia, que tomava o mundo de assalto.

Aprendizagem contínua
No auge das suas carreiras, os CEO precisam de resistir à complacência e adoptar uma mentalidade de aprendizagem contínua. A tutoria oferece uma plataforma dinâmica para o crescimento, permitindo que os CEO se mantenham a par dos desenvolvimentos do sector, aperfeiçoem a sua perspicácia de liderança e naveguem no panorama em evolução da gestão empresarial. Ao promoverem uma cultura de curiosidade e receptividade ao feedback, os CEO podem reforçar as suas capacidades de liderança e atingir um sucesso organizacional sustentado.

Revelar o impacto
Exemplos do mundo real sublinham o poder transformador da mentoria para os CEO. Da criação de alianças estratégicas com veteranos do sector ao aproveitamento da experiência digital de colegas mais jovens, a orientação catalisa a inovação, fomenta a resiliência e capacita os CEO para enfrentarem os desafios com confiança.
Estas histórias servem de testemunho do valor duradouro da orientação nos mais altos escalões da liderança empresarial. Em última análise, é simples: retribua, mas não se esqueça de pedir ajuda quando precisar. E, apesar do que diz o velho cliché empresarial, o topo não tem de ser solitário. 

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