Shein e Temu vítimas do braço de ferro de Trump. Irão os preços aumentar?

A partir de hoje, entra em vigor uma mudança significativa nas tarifas contra a China, afetando diretamente empresas como Shein e Temu, duas das maiores multinacionais de comércio chinês que têm conquistado o mercado dos EUA nos últimos anos.

A medida visa fechar uma brecha que permitia a estas plataformas evitar tarifas de importação e custos alfandegários, oferecendo preços extremamente baixos aos consumidores americanos.

A chave para essa mudança está na exceção “de minimis”, uma norma que isentava produtos de baixo valor de custos adicionais, como impostos e tarifas, ao serem importados diretamente do fabricante para o consumidor. Nos EUA, essa exceção permitia que produtos de até 800 dólares fossem comprados sem a necessidade de pagamento de impostos ou alfândegas, o que facilitava a venda direta de produtos baratos da China, como vestuário e electrónica, conta o ‘elEconomista’. O limite para a isenção na Europa é de 150 euros.

A Shein e a Temu aproveitaram essa brecha legal para se expandir de forma agressa no mercado norte-americano. Ao contornar intermediários e enviar produtos diretamente dos fabricantes chineses para os consumidores, as empresas conseguiam evitar custos adicionais e oferecer preços muito abaixo dos praticados pelos concorrentes locais, como Amazon e grandes redes de retalho. Como resultado, as importações de produtos de baixo valor da China dispararam, passando de 139 milhões de unidades anuais em 2015 para 1,36 mil milhões em 2024.

No entanto, a nova medida de Donald Trump elimina a isenção para todos os produtos afetados pelas tarifas, obrigando todas as exportações da China a passar pela alfândega e pagar as tarifas e custos de importação. Essa decisão terá impacto direto no modelo de negócios de Shein e Temu, que agora enfrentam um aumento significativo nos custos, o que provavelmente se refletirá nos preços para os consumidores americanos.

Numa tentativa de renegociar a situação, Trump propôs ao presidente chinês Xi Jinping um acordo comercial que permitiria a revogação dessas tarifas, à semelhança do que ocorreu com o México e o Canadá. No entanto, a China, por enquanto, opta por adotar medidas retaliatórias.