Sente-se ansioso ou deprimido? Vá trabalhar. Perceba os conselhos desta psicóloga de Harvard

Um estudo recente publicado na Psychiatric Research & Clinical Practice revela que as empresas que não cuidam da saúde mental de seus funcionários podem estar a prejudicar-se financeiramente. A pesquisa, que analisou 250 adultos entre 18 e 60 anos diagnosticados com transtorno de ansiedade social, mostra que pessoas com esses problemas emocionais tendem a trabalhar menos horas.

Ao longo de 52 semanas, os investigadores monitorizaram as horas trabalhadas pelos participantes, bem como os seus sintomas de ansiedade e depressão. O estudo encontrou uma correlação direta entre a saúde mental dos indivíduos e a quantidade de horas trabalhadas, indicando que o bem-estar psicológico tem um impacto significativo na produtividade.

Segundo a psicóloga clínica Natalie Datillo, que também é instrutora na Harvard Medical School, tanto os CEOs quanto os funcionários podem ser negativamente afetados quando os problemas de saúde mental não são tratados nas empresas. Ela explica que, enquanto a depressão e a ansiedade são tratadas de maneiras diferentes, ambas as condições podem levar ao isolamento e à evasão das responsabilidades profissionais, o que compromete a interação social e a produtividade.

“O trabalho tem um efeito protetor na saúde mental”, afirma Datillo. “Ele fornece estrutura à nossa vida, permite-nos interagir com outras pessoas e, claro, garante-nos uma fonte de rendimento.” A psicóloga destaca que o trabalho não só oferece oportunidades para reforços positivos, como também ajuda a combater os sintomas da ansiedade e da depressão, ao proporcionar uma rotina e uma sensação de pertencimento.

Porém, alerta que a evasão do trabalho, comum em pessoas com transtornos de ansiedade, pode agravar ainda mais esses problemas. “Quanto menos fazemos e mais evitamos, menor a probabilidade de vivenciarmos experiências que nos façam sentir melhor”, afirma. O isolamento e a autocrítica severa, muitas vezes presentes nos casos de depressão, podem levar os funcionários a faltar ao trabalho ou sair mais cedo, o que só piora seus sintomas.

Datillo sugere que, ao preocupar-se com a saúde mental dos seus funcionários, as empresas podem, na verdade, estar a contribuir para o seu próprio sucesso.