“Sector da distribuição não aceita ficar com o anátema da inflação e do aumento de preços. É preciso falar verdade aos portugueses”, diz APED

A APED – Associação Portuguesa de Empresas de Distribuição, em comunicado, esclareceu as informações veiculadas pelo Ministério da Economia e do Mar sobre o preço dos produtos alimentares.

De acordo com a associação, “é preciso falar verdade aos portugueses e explicar com clareza todos os fatores que levam ao aumento de preços dos alimentos”. “O sector tem tido uma postura de diálogo e teve oportunidade de explicar ao Governo o motivo dos aumentos dos preços e o que se passa em toda a cadeia de valor. A realidade vivida no nosso país assenta num conjunto de fatores relacionados com a produção, a indústria e transporte. Ao colocar em perspetiva a realidade destes três elos da cadeia de distribuição obtém-se uma explicação para o aumento do custo dos produtos, que é refletido no preço que a distribuição apresenta ao consumidor”, explicou.

“A análise deve ser feita atendendo às especificidades do país no acesso a estas componentes que contribuem para o preço final, tal como os dados divulgados pelo INE demonstram:

“Entre janeiro e dezembro de 2022 face ao período homólogo o índice de preços do lado da produção agrícola aumentou 33,6 pontos percentuais (de 2,3% para 35,9%), do lado da indústria alimentar aumentou 18,4 pontos percentuais (evoluiu de 13,3% para 31,7%) e o índice de preços dos produtos alimentares na distribuição/retalho alimentar aumentou 16,2 pontos percentuais (passou de 3,7% para 19,9%), sempre inferior ao da indústria alimentar em cerca de 10 pontos percentuais”, apontou a APED.

Assim, “a distribuição está a comprar os produtos cada vez mais caros, já em 2023, aos fornecedores (indústria e produção). Estes aumentos no início da cadeia refletem a subida dos custos dos fatores de produção decorrentes dos aumentos dos preços dos fertilizantes, das rações e de outros custos relevantes”, referiu, dando o caso do leite, que está 75% mais caro nas lojas, precisamente o aumento que os fornecedores passaram para a distribuição.

Por último, a APED lamentou que “a ASAE tenha produzido um relatório do qual o sector da distribuição não tem conhecimento nem foi convidado a dar os seus contributos”, salientando que o sector tem vindo a colaborar desde sempre com a ASAE.

“O sector da distribuição atua de forma séria, responsável e com respeito pela lei e pelos consumidores e não pode aceitar ficar com o anátema da inflação e do aumento de preços. Somos um dos sectores económicos mais escrutinados e esta é uma realidade encarada com naturalidade”, apontou a APED.

“À semelhança do que aconteceu, por exemplo, durante a pandemia, o sector tem procurado cumprir a sua missão de garantir os bens essenciais às famílias, mesmo enfrentando constrangimentos e impactos decorrentes da guerra, nomeadamente o aumento dos custos dos fatores de produção, do custo da energia, dos combustíveis fósseis e da logística e transporte”, finalizou.

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