
Sanções da UE contra a Rússia têm uma aplicação deficiente e são muito fáceis de contornar, alertam eurodeputados
As sanções da União Europeia contra a Rússia têm uma aplicação deficiente, alertaram esta segunda-feira diversos eurodeputados, que consideram que continuam a ser muito fáceis de contornar. De acordo com a ‘Euronews’, a aplicação desigual, o desvio de comércio e as estruturas financeiras complexas estão a dificultar a aplicação das sanções económicas impostas pela UE.
A Comissão Europeia apresentou, no passado dia 14, um novo pacote de medidas restritivas a Moscovo, o 12º em 21 meses: no entanto, alguns eurodeputados consideraram que as restrições em áreas-chve como o petróleo e os diamantes ainda não são suficientes. Mas nem todos têm esta visão.
Segundo o eurodeputado lituano Andrius Kubilius, as sanções estão a funcionar nos seus objetivos de punir o regime de Putin e a enfraquecer a economia russa. “As sanções estão a funcionar” e os céticos que dizem que devem ser abandonadas estão “errados”, garantiu o membro do bloco de centro-direita do Parlamento Europeu, o Partido Popular Europeu, à ‘Euronews’.
Apesar de as receitas do petróleo e do gás serem agora metade dos níveis anteriores à guerra, Kubilius diz que “a Rússia ainda está a receber demasiado” da Europa e que a evasão criativa está a atenuar o efeito das sanções.
Numa declaração, aprovada no passado dia 9, os eurodeputados pediram a proibição total de uma série de produtos energéticos derivados da Rússia, tendo manifestado receio de que Moscovo continue a ter acesso a produtos europeus de alta tecnologia. Depois de a UE ter restringido as vendas diretas de tudo o que poderia ser utilizado pelo exército russo, as exportações para os países vizinhos não pertencentes à UE aumentaram de forma suspeita.
“Precisamos de tentar convencer esses países terceiros a não participarem nesse exercício”, mas também de pressionar as empresas da UE com padrões comerciais duvidosos. “Se, de repente, as vendas de iPhones ao Quirguizistão aumentarem 10 ou 100 vezes, temos de nos perguntar o que está por detrás disso.”
As suspeitas de Kubilius são apoiadas por provas obtidas nos campos de batalha ucranianos. As armas russas apreendidas contêm frequentemente componentes ocidentais, garantiu Svitlana Taran, investigadora do Centro de Política Europeia, mercadorias que podem chegar através de países como o Cazaquistão, a Geórgia ou a Arménia.
As sanções da UE implicaram a imobilização dos jatos dos oligarcas, a imobilização de 200 mil milhões de euros de ativos do Banco Central russo e a redução do exército a armamento inferior da era soviética, salientou um porta-voz da Comissão Europeia. Kubilius quer, no entanto, que a UE vá mais longe, confiscando cerca de 300 mil milhões de euros de ativos do Banco Central russo – algo que, segundo ele, poderia pagar uma boa parte da reconstrução da Ucrânia no pós-guerra.
“O Conselho Europeu está muito interessado em anunciar e em fazer alarde sobre a adoção do enésimo pacote de sanções… estão sempre muito satisfeitos com eles próprios”, disse Sophie in ‘t Veld, eurodeputada liberal dos Países Baixos. “Se olharmos para a aplicação efetiva, não há muita razão para nos gabarmos.”