Salários na Zona Euro podem crescer 4% até ao final de 2023, preveem analistas
A inflação na Zona Euro chegou aos 7,5% em abril e a taxa de desemprego em março cifrou-se nos 6,8%, a mais baixa das últimas décadas. Os analistas estimam que os salários comecem a aumentar já este ano, mas com maior expressão em 2023, quando deverão chegar aos 4% em alguns países.
Apontando dados do Banco Central Europeu (BCE), o ‘El Economista’ aponta que está previsto um aumento de 1,58% nos salários no último trimestre de 2022, comparando com o mesmo período do ano anterior. Citado pelo jornal espanhol, Ruben Cayuela, do Bank of America Merrill Lynch, explica que apesar de o volume de contratações poder estar a diminuir, os salários começarão a registar tendências de aumento. O BCE avança que em 2022 e 2023, “os salários mínimos deverão crescer substancialmente” em 12 dos 19 países da Zona Euro.
Os dados BCE apontam que o maior aumento será registado no salário mínimo da Alemanha, com uma subida esperada de 25%, face aos valores de dezembro de 2021.
Ana Titareva, da UBS, aponta que “são cada vez mais os sinais de recuperação dos salários” e antevê que, no segundo trimestre de 2022, se começarão a ver mais subidas, podendo chegar aos 3%.
A inflação será o principal motor dos aumentos salariais na Zona Euro. No início de abril, o Banco Central de Espanha apontou para um crescimento do número de contratos com cláusulas que indexam os salários à taxa de inflação. Por outras palavras, quanto mais a inflação subir, mais sobem os salários. Contudo, alertou que, apesar de poder parecer uma boa notícia para os trabalhadores, essa ligação poderá gerar uma espiral de aumentos sucessivos em ambos os lados dessa equação, representando riscos de “efeitos de segunda ordem” que podem colocar em xeque a saúde económica dos países.
Salienta o jornal espanhol que os aumentos salariais já observados não se registavam desde a década de 1990. No entanto, alguns analistas dizem que associar os salários à inflação poderá também vir a provar-se contrário aos objetivos dessa medida, pois quando a inflação voltar a descer, também os salários virão por aí abaixo, retirando poder de compra aos trabalhadores.