Rússia em contacto com novas autoridades sírias sobre futuro de bases
A Rússia está em contacto com as novas autoridades em Damasco sobre o futuro das suas bases militares na Síria, após a queda do aliado Bashar al-Assad, disse hoje o porta-voz do Kremlin (presidência).
“Estamos, naturalmente, a acompanhar de perto tudo o que se passa na Síria e mantemos contactos com os que controlam atualmente a situação. Isto é necessário porque as nossas bases estão lá, as nossas missões diplomáticas estão lá”, disse Dmitri Peskov.
A Rússia tem uma base naval em Tartus, porta de entrada para o Mar Mediterrâneo, e opera um aeródromo militar em Hmeimim, no noroeste da Síria.
Ambas são consideradas estratégicas para as operações militares russas no Médio Oriente e nos países do Sahel, uma faixa entre o Atlântico, a oeste, e o Mar Vermelho, a leste, e entre o deserto do Sara, a norte, e o Sudão, a sul.
“As questões relacionadas com a segurança destas instalações são extremamente importantes”, afirmou o porta-voz da presidência russa, citado pela agência francesa AFP.
O antigo chefe da delegação da oposição nas conversações sobre a Síria em Genebra e Astana, Mohammed Alloush, disse à agência oficial russa TASS que a questão das bases russas será considerada do ponto de vista dos benefícios e interesses dos sírios.
“Quanto às bases militares, esta é uma decisão soberana do Estado sírio, e esta questão será definitivamente considerada do ponto de vista dos benefícios e interesses do povo sírio, bem como dos interesses da Rússia”, afirmou.
A base em Tartus foi criada em 1971, no âmbito de um acordo bilateral entre a Síria e a então União Soviética, segundo a TASS.
O grupo aéreo das Forças Aeroespaciais Russas na Síria foi criado em 30 de setembro de 2015 para conduzir uma operação militar de apoio ao exército sírio na luta contra a organização extremista Estado Islâmico.
O porta-voz do Kremlin disse também que a Rússia pretende que a situação na Síria seja “estabilizada o mais rapidamente possível, de uma forma ou de outra”.
Peskov condenou ainda os ataques efetuados por Israel contra locais estratégicos na Síria e o destacamento de tropas israelitas nos limites da parte dos montes Golã sírios.
As atitudes de Israel “dificilmente contribuem para estabilizar a situação numa Síria já desestabilizada”, afirmou Peskov.
Juntamente com o Irão, a Rússia era o principal aliado de Bashar al-Assad e intervém militarmente na Síria desde 2015.
A Rússia concedeu asilo político a Assad e família por razões humanitárias, após o antigo presidente ter sido derrubado no domingo por uma ofensiva relâmpago de rebeldes liderados por radicais islâmicos.
Neste novo contexto, Peskov disse que a Rússia deve agora “basear-se nas realidades no terreno” na Síria.
Peskov reafirmou que a Ucrânia, que a Rússia invadiu em fevereiro de 2022, continua a ser “a prioridade absoluta” de Moscovo.
“Temos de garantir os interesses do nosso povo e é isso que vamos fazer. Todos os objetivos da operação militar especial (na Ucrânia) serão alcançados”, afirmou, usando a designação oficial russa para a invasão do país vizinho.