Rússia diz que ainda não há acordo definido com os EUA sobre a Ucrânia, mas existe “vontade política” mútua

O Kremlin declarou esta terça-feira existe qualquer esboço concreto de um possível acordo entre a Rússia e os Estados Unidos sobre o conflito na Ucrânia, embora tenha sublinhado que existe vontade política de ambas as partes para avançar nesse sentido.

A posição foi transmitida pelo porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov, durante uma conferência telefónica com jornalistas, na qual salientou que os contactos com Washington têm sido “construtivos” e “significativos”, apesar da complexidade do processo de negociação.

“Ainda não há contornos definidos de qualquer acordo, mas há vontade política para avançar nesse caminho”, afirmou Peskov. “E repito mais uma vez: valorizamos muito, muito, os contactos construtivos e significativos que temos tido com os Estados Unidos”, acrescentou.

Apesar do tom positivo, Moscovo recusou-se a indicar qualquer cronograma para a eventual concretização de um acordo de paz. Peskov justificou esta posição com a complexidade inerente ao conflito em curso, afirmando que é natural que uma solução duradoura demore a ser alcançada.

“Claro que gostaríamos de esperar o melhor, que o trabalho traga resultados positivos. Mas não vamos apontar prazos concretos neste momento”, declarou o porta-voz da presidência russa.

Ceticismo entre aliados ocidentais da Ucrânia
As declarações do Kremlin surgem numa altura em que a Ucrânia e vários dos seus aliados europeus têm expressado ceticismo face à posição russa nas negociações. Kiev acusa Moscovo de não demonstrar uma verdadeira vontade de pôr fim ao conflito, e de usar o diálogo com Washington como forma de ganhar tempo.

Ainda assim, Moscovo insiste que o processo de resolução do conflito exige tempo e delicadeza. Para o Kremlin, a complexidade da situação no terreno justifica a demora nas negociações e reforça a necessidade de abordagens cuidadosas para alcançar uma solução viável a longo prazo.

A guerra na Ucrânia, iniciada em fevereiro de 2022 com a invasão russa, entrou no seu terceiro ano sem sinais claros de cessar-fogo iminente. Os Estados Unidos continuam a ser o principal aliado militar e financeiro de Kiev, enquanto a Rússia mantém uma narrativa de defesa dos seus interesses estratégicos face ao que considera ser uma expansão hostil da NATO.

Apesar da retórica diplomática, as condições no terreno mantêm-se voláteis, com intensos combates nas regiões do leste da Ucrânia e contínuos ataques de mísseis e drones de ambos os lados.

Para já, as expectativas em torno de um acordo entre Moscovo e Washington permanecem moderadas, mesmo com o reconhecimento de uma abertura para o diálogo por parte do Kremlin.