Rússia avança em Kursk e ameaça cercar 10 mil soldados ucranianos

A situação do contingente militar da Ucrânia em Kursk é crítica: as movimentações de Moscovo ameaçam cortar por completo todos os caminhos de logística que ligam os soldados ucranianos à Ucrânia – as forças de Kiev controlam parcialmente essa região russa durante sete meses, mas já perderam dois terços do território.

A incursão inesperada das tropas de Zelensky foi uma surpresa desagradável para o Kremlin, que pela primeira vez em 80 anos viu uma força militar estrangeira a entrar no seu território. A Ucrânia conseguiu atravessar a fronteira do estado agressor, com o objetivo de manter o máximo de território possível para o trocar em futuras negociações de paz com o Kremlin. No entanto, nas vésperas da reunião de alto nível das delegações da Ucrânia e dos EUA na Arábia Saudita, Moscovo tem redobrado os seus esforços para retomar o controlo da área.

As estradas que ligam a área ocupada por Kiev, especialmente a estrada que vai da Ucrânia à cidade russa de Sudzha, estão sob constante fogo do inimigo. Os pilotos de veículos aéreos não tripulados de Moscovo saturaram a vizinhança desta estrada de logística com drones de fibra ótica.

O capitão Oleksandr Shyrshyn, comandante do batalhão da 47ª brigada mecanizada que luta em Kursk, indicou ao ‘The New York Times’ que os russos implantaram nessa área os seus melhores operadores de drones. Com essa estratégia, aumentam a sua capacidade de atacar tropas ucranianas na única rota logística disponível.

Para neutralizar a operação ucraniana dentro das suas fronteiras, Moscovo usou quase 50 mil soldados, incluindo cerca de 12 mil soldados fornecidos pela Coreia do Norte: o regime Pionyang também forneceu à Rússia milhares de projéteis de artilharia e mísseis.

De acordo com as informações publicadas pelo ‘The Telegraph’, existe um risco sério de que cerca de 10 mil soldados ucranianos sejam cercados. De acordo com o Instituto do Estudo da Guerra (ISW), Moscovo está a conduzir as operações “na região de Kursk e em toda a fronteira internacional”, a fim de tentar impedir que as forças de Kiev podem regressar à Ucrânia.

“A situação na região de Kursk é muito difícil e pode se tornar um desastre se não agirmos com urgência para limpar as rotas de logística”, apontou o blogger militar ucraniano Bohdan Myroshnykov, citado pelo ‘Financial Times’.

O Kremlin também está a aproveitar a suspensão da troca de inteligência com a Ucrânia, aumentando os ataques aéreos contra todo o território nacional, principalmente contra civis. Zelensky garantiu, este domingo, que em apenas uma semana a Rússia lançou “cerca de 1.200 bombas de ar guiadas, quase 870 drones de ataque e mais de 80 mísseis de tipos diferentes”.

O presidente ucraniano garantiu ainda que cada drone ‘shahed’ de Kamikaze e cada bomba aérea têm componentes que estão sob sanções russas. “Entre essas armas, existem mais de 82 mil componentes estrangeiros”, disse o chefe de Estado.