
Rússia acusa Reino Unido de impor “confrontação” aos seus aliados para prolongar a guerra na Ucrânia
O Kremlin acusou esta segunda-feira o Reino Unido de forçar os seus aliados europeus a adotarem uma “linha de confrontação” no conflito na Ucrânia, após serem conhecidas algumas das diretrizes que o primeiro-ministro britânico, Keir Starmer, pretende apresentar aos seus parceiros da União Europeia durante a cimeira de hoje em Bruxelas.
O porta-voz da presidência russa, Dmitri Peskov, criticou a posição de Londres, acusando o governo britânico de insistir numa estratégia que visa levar a Ucrânia a combater “até ao último ucraniano”. Segundo Peskov, essa política não favorece Kiev e apenas agrava a situação no terreno. “Sim, estamos plenamente conscientes de que o Reino Unido está entre os países que impõem esta linha de confronto aos seus parceiros”, afirmou o responsável russo, citado pela agência Interfax.
Da mesma forma, Peskov assegurou que há um crescente número de vozes na Europa Ocidental que desaconselham a continuidade dessa estratégia, baseada essencialmente na imposição de sanções económicas contra a Rússia. Para Moscovo, a manutenção dessa política apenas contribui para o prolongamento do conflito e impede qualquer possibilidade de diálogo.
Kremlin insiste na ilegitimidade de Zelensky e exige eleições em 2025
Relativamente à possibilidade de negociações de paz, o Kremlin voltou a insistir na sua posição de que o presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, não tem legitimidade para participar em qualquer processo negocial. Peskov defendeu que o mandato de Zelensky terminou e que, sem novas eleições, a Ucrânia não pode contar com representantes legítimos numa eventual mesa de negociações.
O porta-voz russo sublinhou que ainda não houve “nenhuma discussão séria” sobre quem poderia representar Kiev numa negociação, mas reiterou a posição russa de que “Zelensky não tem o direito de negociar”. Segundo Moscovo, a realização de eleições presidenciais na Ucrânia em 2025 seria um requisito essencial para que os seus dirigentes sejam considerados legítimos no cenário internacional.
“Estas eleições são necessárias para legitimar os líderes ucranianos, sem o que não se pode validar qualquer acordo”, afirmou Peskov, acrescentando que o chefe de Estado ucraniano “não está satisfeito” com essa exigência russa.
Estas declarações surgem num momento em que a guerra na Ucrânia se arrasta há quase três anos e num contexto de crescente pressão internacional para encontrar uma solução diplomática para o conflito. No entanto, tanto Kiev como os seus aliados ocidentais têm rejeitado as exigências de Moscovo, argumentando que a Rússia não demonstra qualquer intenção real de cessar as hostilidades.