
Roubos e violações disparam: Criminalidade desce em Lisboa, mas aumenta no interior do País, indica RASI
O Relatório Anual de Segurança Interna (RASI) de 2024 revela uma redução da criminalidade no distrito de Lisboa, mas um aumento preocupante dos crimes violentos e graves em várias zonas do interior do país. De acordo com os dados apresentados, a criminalidade registada em Lisboa caiu 7,6% no último ano, uma descida equivalente a menos 6.724 participações criminais. No entanto, crimes graves, como roubos e violações, aumentaram significativamente em distritos como Santarém (+33,3%), Castelo Branco (+30,5%) e Portalegre (+30,4%).
A nível nacional, o número total de participações criminais caiu 4,6% em comparação com o ano anterior, passando de 371.995 para 354.878 ocorrências, segundo os números consultados pelo jornal Público. Entre as infrações que mais diminuíram destacam-se os crimes rodoviários. O número de condutores apanhados com uma taxa de álcool igual ou superior a 1,2 gramas por litro de sangue caiu 23%, com menos 5.585 casos registados. Além disso, a condução sem carta registou uma redução expressiva de 28%.
O relatório não menciona diretamente o impacto das greves de zelo levadas a cabo pela PSP e pela GNR no início do ano passado, apesar de estas terem sido marcadas por manifestações de milhares de agentes. Em fevereiro de 2023, polícias e militares cercaram o local onde decorria um debate eleitoral entre Luís Montenegro e Pedro Nuno Santos. O RASI refere apenas o acordo alcançado no verão entre sindicatos e o Ministério da Administração Interna para a valorização salarial das forças de segurança.
Um dos temas abordados pelo relatório é o crescimento de novos movimentos nacionalistas de extrema-direita, que têm vindo a ganhar força através das redes sociais. Segundo o documento, estas organizações tornaram-se mais apelativas do que os tradicionais grupos de skinheads e neonazis, abordando temas como a imigração, a islamização da Europa, a liberdade de género e a defesa de valores conservadores na educação infantil. Do lado oposto, o RASI aponta a intensificação da retórica anticapitalista de movimentos de extrema-esquerda, que têm centrado as suas reivindicações no direito à habitação e na melhoria das condições sociais. O ativismo climático também tem registado um aumento do radicalismo, com ações de desobediência civil e sabotagem, incluindo ataques contra a segurança do transporte aéreo e contra membros de órgãos de soberania.
O relatório alerta ainda para a necessidade de vigilância sobre o possível surgimento de grupos alinhados com o movimento “Sovereign Citizens”, que rejeitam a autoridade do Estado e promovem a desobediência à legislação vigente. Estes grupos tendem a recrutar indivíduos com acesso privilegiado a armas de fogo, incluindo militares e forças de segurança, e representam uma ameaça de crescimento silencioso até ao momento em que desencadeiam ações concertadas a nível internacional.
No que respeita a delitos económico-financeiros, houve um aumento dos inquéritos relacionados com branqueamento de capitais. Já os crimes contra a liberdade sexual continuam a ser liderados pelo abuso de menores e pela posse e distribuição de pornografia infantil. A violência doméstica contra cônjuges, que se mantém como o crime mais reportado, registou uma ligeira redução face a 2023. No entanto, os furtos por carteiristas aumentaram 12%.
Por fim, no contexto prisional, o RASI contabiliza nove reclusos evadidos no último ano, incluindo os que fugiram de Vale de Judeus e foram posteriormente capturados. Além disso, o relatório indica que nove presos cometeram suicídio e que, no total, 65 pessoas morreram no sistema prisional português, num universo de 12.360 reclusos.