
Roma em alerta com morte do Papa Francisco: Polícias, bombeiros e funcionários públicos proibidos de ir de férias
A cidade de Roma está em estado de mobilização máxima após a morte do Papa Francisco, ocorrida na segunda-feira, vítima de um acidente vascular cerebral que conduziu a um coma e, posteriormente, a uma insuficiência cardíaca irreversível. O Vaticano confirmou a causa da morte e anunciou que as cerimónias fúnebres do pontífice argentino, nascido Jorge Mario Bergoglio, decorrerão no próximo sábado, 26 de abril, às 10h locais (9h em Lisboa), na Praça de São Pedro.
Segundo o comunicado oficial do Vaticano, após a missa fúnebre, o corpo do Papa será trasladado para a Basílica de Santa Maria Maior, no centro de Roma, local que Francisco escolheu para ser sepultado. Essa decisão consta no testamento deixado pelo próprio pontífice e tornado público no dia da sua morte. No documento, Francisco expressou o desejo de um funeral simples, longe de qualquer ostentação: “O túmulo deve estar na terra; simples, sem decoração particular e com a única inscrição: Franciscus”.
Segurança reforçada e cidade em estado de preparação
A morte do Papa Francisco está a provocar uma mudança visível no quotidiano da capital italiana. Desde as primeiras horas da manhã de terça-feira, Roma tem registado um reforço significativo da presença policial nas ruas, além de equipas municipais a trabalharem na preparação da cidade para acolher centenas de milhares de peregrinos, fiéis e turistas que se esperam nas próximas semanas.
As autoridades italianas antecipam uma pressão logística e de segurança não apenas devido ao funeral, mas também pelo período que se seguirá até ao conclave — processo que elegerá o próximo Papa e que deverá decorrer nos primeiros dias de maio. De acordo com a agência Lusa, há já ruas encerradas ao trânsito e perímetros de segurança a serem montados nas imediações do Vaticano e das principais basílicas romanas.
A preocupação estende-se ao funcionamento da máquina pública. Segundo avançou a RTP, a ordem foi clara: todos os pedidos de férias de funcionários públicos, polícias, bombeiros, médicos e enfermeiros e elementos da proteção civil estão suspensos. A decisão prende-se com a necessidade de garantir resposta operacional durante as próximas quatro a cinco semanas.
“Nós fomos informados para cancelar as férias para este período. Já estávamos à espera que nos pedissem isso e é para isso que cá estamos”, afirmou Giulia, operadora de comunicação da Proteção Civil italiana, em declarações à agência Lusa.
Entre o luto e a rotina
A morte de Francisco coincidiu com o feriado italiano da Pasquetta (Segunda-feira do Anjo), dia tradicionalmente dedicado a piqueniques e convívios familiares após a Páscoa. O ambiente festivo rapidamente se transformou num cenário de comoção e mobilização nacional. Apesar disso, a atividade turística na capital italiana não parece ter abrandado.
Segundo Daniel Espinal, guia turístico em Roma, os visitantes mantêm os seus planos e continuam a visitar os monumentos da cidade. “As pessoas não falam nisso. Querem ver Roma, independentemente do Papa”, afirmou o guia, sublinhando o carácter simultaneamente solene e pragmático do momento vivido na cidade eterna.
Com o funeral de Francisco marcado para sábado, a atenção começa agora a centrar-se na preparação do conclave, o encontro reservado dos cardeais que elegerá o novo líder da Igreja Católica. Embora o Vaticano ainda não tenha anunciado oficialmente as datas, fontes próximas da Santa Sé indicam que a reunião poderá ocorrer na primeira semana de maio, conforme prática habitual após a morte de um Papa reinante.
A expectativa é elevada, tanto pelo simbolismo do momento como pelo impacto global da escolha do próximo pontífice. Francisco, o primeiro Papa latino-americano e jesuíta, marcou o seu papado por uma abordagem pastoral próxima dos mais desfavorecidos e por um estilo despojado, que agora se reflete também nos seus desejos póstumos.
Nos próximos dias, Roma estará no centro do mundo católico — e das atenções mediáticas — enquanto se desenrolam as cerimónias fúnebres e se prepara a transição para um novo capítulo no Vaticano.