
‘Revolta das toalhas de praia’: gregos mobilizam-se pelo direito de acesso às praias gratuitamente
Em toda a Grécia, os habitantes locais têm promovido a ‘revolta das toalhas de praia’: em diversas praias, têm resolvido o problema pelas suas próprias mãos, atirando as toalhas para recuperar as suas praias e o acesso à natureza – sem o elevado preço associado.
Em Paros, uma popular ilha de férias nas Cíclades, um protesto de cerca de 50 pessoas, com uma enorme placa que exibia “Recupere a Praia”, na praia de Parikia, procurou recuperar aos moradores locais o acesso gratuito às praias que foram ocupadas por bares, espreguiçadeiras e guarda-sóis a preços exorbitantes. O movimento, que começou em Paros, espalhou-se por todo o país – e até pela vizinha Turquia -, com os ativistas a exigirem espaço para estenderem as suas toalhas gratuitamente.
De acordo com os britânicos da ‘BBC’, os moradores de Paros, em maio de 2023, começaram a discutir como os locais onde as pessoas podem nadar e tomar sol livremente estavam a tornar-se cada vez mais escassos.
De acordo com as leis gregas, as empresas que pretendem montar espreguiçadeiras e guarda-sóis devem solicitar licenças ao Ministério das Finanças grego para ocupar partes designadas da praia. As verificações devem ser realizadas regularmente para garantir que não ocupem mais espaço do que o permitido pelas licenças. No entanto, os manifestantes alegam que estas verificações raramente – ou nunca – são realizadas. “O nível de ilegalidade pode ser visto claramente”, garantiu o morador local Nicolas Stephanou, que salientou que existem locais onde as espreguiçadeiras e guarda-sóis ocupavam até 10 vezes o espaço permitido.
O movimento ganhou impulso rapidamente; a manifestação de 3 de setembro tornou-se uma campanha nacional grega: ocorreram manifestações na ilha vizinha de Naxos e na ilha de Creta, no sul. Mais recentemente, as ilhas de Rodes e Egina, bem como a Ática – o estado onde está localizada Atenas – aderiram. O local do protesto de Paros é particularmente simbólico; sendo a praia principal da vila central da ilha, é o local mais popular para os habitantes locais darem um mergulho depois do trabalho.
Muitos gregos ainda sofrem financeiramente desde a crise da dívida do país, há mais de uma década, e não têm dinheiro para pagar uma espreguiçadeira sempre que vão à praia. O sol e o mar são uma grande parte da cultura grega. No entanto, os ativistas salientaram que as praias são apenas uma parte de uma luta maior: a Grécia é um dos destinos de férias mais populares da Europa e o excesso de turismo – assim como os problemas sociais e ambientais que o acompanham – é um tema que deve ser abordado.
O turismo é a maior indústria da Grécia: em 2021, o país recebeu 15 milhões de visitantes – uma vez e meia a sua população total. Nos últimos anos, sucessivos governos gregos têm utilizado o turismo para ajudar na recuperação da economia do país, depois da crise financeira de 2008 e a pandemia da Covid-19.