Queixas contra a AIMA disparam quase 40% nos primeiros meses deste ano
A Agência para a Integração, Migrações e Asilo (AIMA) continua sob forte escrutínio público devido à crescente insatisfação dos utentes com os seus serviços. Nos primeiros quatro meses de 2025, o número de reclamações dirigidas à agência aumentou 37%, face ao último quadrimestre de 2024. Os dados são do Portal da Queixa, que contabilizou 593 queixas até final de abril — um salto expressivo em relação às 432 recebidas nos últimos quatro meses do ano anterior. Até ao dia 12 de maio, já tinham sido registadas mais 100 reclamações.
Entre os problemas apontados, os atrasos na entrega de documentos e processos continuam a ser a queixa mais frequente, representando 37,2% do total. Em causa estão, sobretudo, os longos períodos de espera para emissão de cartões de residência e vistos. A segunda maior queixa, com 30,7%, prende-se com a dificuldade em agendar serviços ou obter resposta da AIMA, incluindo falta de resposta a e-mails e informações contraditórias.
O conjunto destes dois fatores — demora nos processos e dificuldades de contacto — representa 67,93% do total de reclamações registadas entre janeiro e abril deste ano. Outras razões apontadas incluem a entrega de documentação incorreta ou pendente (12,6%), problemas no atendimento ao cliente (6,2%) e falhas técnicas ou operacionais (5,6%).
Casos reais ilustram a frustração dos utentes
A experiência de Gabriela, uma cidadã estrangeira a viver em Portugal, ilustra bem a morosidade dos processos. “Fiz a minha entrevista para obter o cartão de residência no dia 03/10/2024 e até hoje não obtive nenhuma resposta da AIMA. Eles dizem que são 90 dias para chegar o cartão e até hoje o meu nada”, relatou a utente numa das queixas dirigidas à agência através da plataforma.
Os números revelam um desempenho insatisfatório da AIMA também na resposta às reclamações apresentadas. Segundo os dados mais recentes do Portal da Queixa, a agência tem atualmente um índice de satisfação de apenas 17,8 pontos numa escala de 0 a 100. A taxa de resposta às queixas permanece reduzida, nos 13,3%, e a taxa de resolução dos problemas reportados não ultrapassa os 14,9%.