Putin terá aceitado reunir-se com Zelensky depois de cimeira de Sochi, avança imprensa turca
As negociações de paz entre a Rússia e a Ucrânia estão suspensas há meses, tendo o Kremlin já acusado Kiev de não mostrar disponibilidade para um encontro entre os Chefes de Estado para discutir os termos de um eventual acordo de paz que ponha fim à guerra, que se aproxima do sexto mês.
Contudo, de acordo com informações avançadas pela ‘CNN Turquia’, Vladimir Putin ter-se-á mostrado disponível para se sentar com Zelensky à mesa das negociações depois de terminada a cimeira de Sochi, que decorre desde 5 de agosto.
Fontes do lado russo apontam que “primeiro deixem os líderes discutir e determinar um plano” e que “depois, as delegações podem trabalhar em conjunto para levar o plano à prática”, num volte-face que coloca agora a tónica na reunião entre Putin e Zelensky, ao invés de serem os grupos técnicos a avançarem com os primeiros trabalhos de negociação, como tinha sido sugerido anteriormente.
A agência de notícias da Rússia, ‘RIA Novosti’, adianta que Erdogan deverá oferecer-se para mediar o encontro, citando a emissora televisiva turca Haber.
De recordar que há algumas semanas o porta-voz do governo da Rússia, Dmitry Peskov, afirmou que não existiam as condições necessárias para que os dois lados possam debater os termos da paz e do fim da guerra.
Até essas condições serem garantidas, já depois de Zelensky ter assegurado que não está disposto a fazer quaisquer cedências de território à Rússia para conseguir um acordo de paz, Ucrânia e Rússia não deverão voltar a reunir-se para procurar um fim para o conflito.
As conversações de paz têm estado suspensas há meses ambos os lados culpam-se mutuamente pelos bloqueias ao progresso nessa frente. Peskov salientou que não tem sido possível estabelecer contactos com a delegação ucraniana e que, por isso, “agora não há processo de negociação”.
De acordo com o Instituto para a Paz, nos Estados Unidos, para poderem discutir termos com o lado russo, os ucranianos “precisam de entrar nas negociações confiantes de que conseguirão, no futuro, viver em segurança, livres da ameaça de mais invasões da Rússia”.
“O ucranianos aprenderam – da pior maneira – que promessas escritas dos russos para respeitar a sua soberania e integridade territorial não têm qualquer valor”, apontou o instituto, explicando que em 1994, no final da Guerra Fria quando a União Soviética colapsou, a Ucrânia entregou a Moscovo o terceiro maior arsenal nuclear do mundo, no âmbito de um processo mediado pelos Estados Unidos e pelo Reino Unido, em troca de garantias de que a Rússia respeitaria a soberania e integridade territorial do país vizinho.
Esta quinta-feira, o Secretário-Geral das Nações Unidas, António Guterres, está na região de Lviv, na Ucrânia, e da sua agenda constam encontros com o Presidente ucraniano Volodymyr Zelensky e com o Presidente da Turquia, Recep Tayip Erdogan, no âmbito do acordo estabelecido em julho para retomar a circulação de cereais para o resto do mundo.