
Putin não desistiu de redesenhar o poder na Europa e vai reforçar campanha de “inverno nuclear” no Ocidente, aponta relatório
O presidente da Rússia não abandonou a intenção de redesenhar o balanço de poder na Europa três anos depois da invasão da Ucrânia, garantiu um relatório dos serviços de Inteligência estrangeiras da Estónia, citado pela publicação ‘Bloomberg’.
Um cessar-fogo temporário na Ucrânia apresenta uma oportunidade de dar a Vladimir Putin a chance “de recuperar o fôlego” antes de regressar à sua guerra contra Kiev à procura desse objetivo, apontou o relatório, publicado esta quarta-feira, que destacou que a exigência pré-invasão de que a NATO saia da Europa Oriental ainda permanece.
“Putin provavelmente vê uma resolução deste conflito como alcançável apenas através de um acordo ao estilo Yalta – ou seja, dividindo a Europa em esferas de influência”, afirmou o relatório, referenciando a reunião entre os líderes dos EUA, Reino Unido e União Soviética para reorganizar as fronteiras da Europa e a arquitetura de segurança após a II Guerra Mundial.
Para desencorajar o apoio militar a Kiev, Moscovo vai abastecer “os receios de um inverno nuclear” nas sociedades ocidentais este ano, indicou a agência de Inteligência, acrescentando que o Kremlin “é improvável que use armas nucleares” contra a Ucrânia, mas “observar como o fator medo restringiu o Ocidente até agora”, procurando potenciá-lo ao máximo.
A agência de espionagem também alertou que, apesar das enormes perdas de tropas e das pesadas sanções ocidentais, as forças militares da Rússia continuam a crescer, ganhando experiência no campo de batalha e com novas tecnologias.
O relatório dedicou um capítulo à China, que sublinhou que “endossa tacitamente” os seus cidadãos e empresas que fazem negócios com Moscovo, destacando que Pequim ajudou na produção de drones russos, facilitando o fluxo de componentes ocidentais, de acordo com a agência de espionagem. “O interesse da China está em impedir que a Rússia perca a guerra na Ucrânia, pois esse resultado representaria uma vitória para o seu principal rival, os Estados Unidos”, concluiu o relatório.