Putin “está a gozar” com Trump ao continuar ataques na Ucrânia, alerta Polónia

O presidente russo, Vladimir Putin, estará a gozar com o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, ao continuar os ataques militares contra a Ucrânia, apesar dos esforços diplomáticos para alcançar um cessar-fogo. A acusação foi feita por Radosław Sikorski, ministro dos Negócios Estrangeiros da Polónia, que se mostrou visivelmente perturbado após o mais recente bombardeamento russo à cidade de Sumy, no nordeste da Ucrânia.

À chegada a uma reunião dos ministros dos Negócios Estrangeiros da União Europeia, esta segunda-feira, em Luxemburgo, Sikorski afirmou à agência noticiosa polaca PAP que “a Ucrânia aceitou incondicionalmente um cessar-fogo há mais de um mês” e que os ataques registados nos últimos dias representam “uma resposta trocista da Rússia”. Acrescentou ainda: “Espero que o presidente Trump, a administração dos EUA, percebam que o líder russo, Vladimir Putin, está a gozar com a sua boa vontade. Espero que sejam tomadas as decisões corretas.”

O ataque mais recente ocorreu no passado domingo, precisamente no Domingo de Ramos, quando civis se reuniam em Sumy para celebrar a data religiosa. Segundo as autoridades ucranianas, dois mísseis balísticos russos atingiram o centro da cidade, matando pelo menos 34 pessoas e ferindo outras 117. Entre as vítimas estão duas crianças mortas e 15 menores feridos, de acordo com o Serviço Estatal de Emergência da Ucrânia.

O presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, reagiu de forma veemente ao ataque. “Só escumalha vil é capaz de agir assim — tirar a vida a pessoas comuns”, escreveu nas redes sociais. Zelensky especificou ainda que o primeiro míssil atingiu os edifícios da universidade da cidade, enquanto o segundo explodiu acima do nível da rua, aumentando a destruição e o número de vítimas.

Este é o segundo ataque de grande escala em pouco mais de uma semana que vitima civis, após um bombardeamento semelhante em Kryvyi Rih. A escalada de violência por parte das forças russas levanta preocupações quanto à eficácia das tentativas de negociação e apelos à paz.

Em resposta aos acontecimentos, o presidente Donald Trump afirmou no domingo à noite, a bordo do Air Force One, que lhe tinham dito que o ataque a Sumy “foi um erro”. “Acho que foi terrível e disseram-me que foi um erro, mas penso que é uma coisa horrível”, declarou. “Acho que toda a guerra é uma coisa horrível.”

A declaração do presidente norte-americano foi recebida com críticas entre líderes europeus, que consideram a resposta demasiado vaga e permissiva perante a agressão russa. Para muitos analistas, a linguagem cautelosa de Trump alimenta receios de que a sua administração não esteja disposta a endurecer a posição contra Moscovo, mesmo perante ataques diretos contra civis ucranianos.

Até ao momento, o Kremlin não comentou os ataques em Sumy. No entanto, a resposta internacional vai-se intensificando. A União Europeia reafirmou o seu apoio contínuo à Ucrânia e insiste que Putin deve ser responsabilizado pelos crimes cometidos em solo ucraniano.

Enquanto as tensões diplomáticas aumentam, a guerra na Ucrânia prossegue sem fim à vista, com milhares de civis a pagar o preço da instabilidade e da intransigência política. O ataque de Domingo de Ramos, além de profundamente simbólico, reabre feridas numa população cada vez mais exausta e vulnerável.