PSP cria superesquadra para travar aumento de venda de droga em Lisboa

A circulação de droga na cidade de Lisboa obrigou a PSP (Polícia de Segurança Pública) a avançar para a criação de uma esquadra de investigação criminal especializada no combate ao tráfico de estupefacientes, avançou esta quinta-feira o ‘Diário de Notícias’.

“Estrategicamente considerámos que seria uma mais-valia, desde logo em termos de eficácia e eficiência. O que tínhamos era investigações e recursos disseminados, estratégias de comando diferentes, áreas de intervenção diferentes. E o que queremos é uma estratégia comum, eficiente, fazer bem com poucos recursos”, sublinhou o subintendente Rui Costa, comandante da Divisão de Investigação Criminal.

A nova unidade já está a trabalhar, desde a semana passada, na sede da Divisão de Investigação Criminal de Lisboa. No Restelo, cerca de 40 agentes, comandados por um comissário, reúnem agora todos os inquéritos relacionados com tráfico de droga investigados pela PSP de Lisboa.

Em causa está o aumento da venda de droga na capital. “Não temos dados que nos digam que há um aumento exponencial de tráfico de drogas. Agora, temos observado, e isso não é muito científico, que ao longo dos últimos anos se começam a ver focos de tráfico que já não eram visíveis desde 2014, mas que começaram a surgir no pós-pandemia”, referiu o responsável policial.

A situação é mais grave no Bairro do Loureiro, Avenida de Ceuta, Mouraria, Ameixoeira, Picheleira e Chelas, zonas em que a polícia tenta “agir rapidamente”. “Esta luta contra o tráfico não se faz só no âmbito da investigação criminal. Há questões sociais, de apoio, de enquadramento, em que as juntas são importantes. Por exemplo, depois de fazermos buscas a um determinado local, nas casas onde se procede à venda direta de droga, alguém tem de fechar as portas para impedir que voltem a ser usadas. E é aí que é importante o apoio das juntas de freguesia.”

A estratégia da PSP divide-se em três níveis: primeiro, a venda direta; depois, as pessoas que abastecem os vendedores; e por último, os grandes abastecedores de droga de Lisboa. “No caso do primeiro nível temos identificados os locais onde hoje existe a venda direta de droga e temos alguns inquéritos abertos. Serão investigações relativamente rápidas, de dois ou três meses. É neste nível que estamos a investir grande parte dos recursos humanos. Fazemos buscas, detenções, nas zonas conhecidas. No nível dois estão as operações um pouco mais complexas em que recorremos a meios como as escutas telefónicas. O objetivo é chegar aos abastecedores dos locais de nível um. Não serão investigações tão rápidas e não teremos resultados a curto prazo, mas são essenciais, pois não podemos fazer só ações do nível um. Por exemplo, recentemente fizemos uma operação no Bairro do Loureiro (considerado como um locais onde a venda de droga a céu aberto é mais grave em Lisboa) e se formos lá agora não digo que está tudo igual, mas as pessoas que vendiam e foram detidas já estão substituídas. Por isso, o que temos de fazer é acabar com a venda e com quem abastece”, explicou Rui Costa.

Mas o foco está nos chamados ‘high value targets’. “São as pessoas que abastecem a cidade de Lisboa. Estas serão investigações de topo e temos uma equipa só para esse nível, que não pode ter mais de duas investigações ao mesmo tempo pois são muito complexas, ao ponto de necessitarem de acompanhamento do Ministério Público. Podem durar mais de um ano, é o topo da pirâmide e aí temos menos recursos humanos, mas mais especializados. Porém, o nosso foco, em termos de recursos humanos, são os níveis um e dois. O nível um é talvez o mais visível e talvez produza resultados mensalmente e ajuda a diminuir o sentimento de insegurança sentido pelas pessoas quando saem de casa ou vão levar os filhos à escola.”