PSP confirma que agente disparou contra autocarro em Loures e foi suspenso preventivamente

A Polícia de Segurança Pública (PSP) confirmou, através de um comunicado divulgado esta segunda-feira, que um agente da própria corporação está implicado no incidente com arma de fogo ocorrido no domingo à noite, no concelho de Loures, e que resultou no ferimento grave de um jovem de 16 anos. A situação, que inicialmente era tratada como um ato de violência ainda sem autoria identificada, acabou por revelar-se ainda mais grave quando se apurou que o presumível autor dos disparos era um agente policial em funções no Comando Metropolitano de Lisboa (COMETLIS).

O alerta foi dado pelas 20h25 de domingo, dia 11 de maio, quando um motorista de um autocarro da Carris reportou à Esquadra de Loures que a viatura de transporte coletivo que conduzia tinha sido atingida por disparos de arma de fogo enquanto circulava com passageiros a bordo. De imediato, a PSP mobilizou meios de emergência médica para o local, tendo sido necessário transportar uma vítima — um jovem de 16 anos — ao Hospital de Santa Maria, em Lisboa. Segundo informações posteriores, o ferido sofreu graves lesões oculares provocadas por estilhaços.

A investigação preliminar da PSP, baseada em testemunhos e na descrição do suspeito e da viatura utilizada, permitiu apurar que o autor dos disparos seria, afinal, um agente da própria Polícia de Segurança Pública. A informação foi confirmada após diligências internas e levou à identificação do agente, que se apresentou voluntariamente na esquadra de Loures na manhã de segunda-feira.

O incidente terá ocorrido após uma desavença de trânsito, durante a qual o agente, em viatura própria, terá atravessado o carro em frente ao autocarro e disparado com a arma de serviço. Terão sido efetuados três disparos, que atingiram a viatura da Carris, provocando pânico entre os passageiros. Um dos projéteis ou fragmentos acabou por ferir o adolescente, que seguia no interior do autocarro.

No mesmo comunicado, a PSP detalha que, após identificar o agente envolvido, foram tomadas de imediato medidas disciplinares. “Foi apreendida cautelarmente a arma de fogo deste polícia, bem como determinada pelo Comandante do COMETLIS a abertura de procedimento disciplinar e proposta de medida cautelar de suspensão preventiva de funções”, lê-se na nota. Esta proposta foi aceite pelo Diretor Nacional da PSP, que determinou a sua aplicação imediata.

Em paralelo, a PSP comunicou os factos ao Ministério Público e à Polícia Judiciária, entidade que assumiu a condução da investigação criminal. O local foi devidamente isolado e preservado para recolha de vestígios, conforme procedimento habitual nestes casos.

A Polícia de Segurança Pública manifestou ainda pesar pelo sucedido. “A PSP lamenta a situação, desejando rápidas melhoras ao jovem ferido, aguardando pelo desenrolar do inquérito criminal e das circunstâncias em que este incidente ocorreu, desenvolvendo paralelamente todas as diligências no âmbito do processo disciplinar já instaurado.”

Investigação criminal nas mãos da Polícia Judiciária

O caso passou agora para a alçada da Polícia Judiciária, que investiga os contornos do incidente enquanto crime de ofensa à integridade física qualificada e eventual abuso de poder. O agente em causa, cuja identidade não foi divulgada, poderá enfrentar consequências criminais além do processo disciplinar interno.