Proibir emissão de vistos para russos é uma questão de “segurança nacional” e de “credibilidade da UE”, defende Primeira-ministra da Estónia
O debate tem animado o “velho continente”, com alguns países a apelarem que seja definida uma proibição da emissão de vistos para cidadãos russos, causando divisão entre os vários Estados-membros e a Comissão Europeia.
A Primeira-ministra da Estónia, Kaja Kallas, afirma que “defendo uma proibição ao nível da UE do turismo por cidadãos russos até que a Rússia acabe com a sua agressão [contra a Ucrânia]”, cita o ‘Euractiv’.
A líder estónia, bem como a contraparte finlandesa, já tinha afirmado que visitar a Europa é um privilégio, e não um direito, e que não deve ser permitido que os russos façam turismo pelos países da UE quando a Rússia está a mobilizar uma ofensiva militar de grande escala contra outro Estado soberano.
“Primeiro que tudo, é uma questão de credibilidade e clareza moral da UE, numa altura em que, aqui ao lado, são cometidos crimes de guerra, e possivelmente genocídio”, salienta Kallas, que refere que proibições a nível nacional não serão tão suficientes quanto uma proibição a nível da UE.
“Se falharmos em chegar a um consenso, Estados-membros individuais terão de tomar as suas próprias medidas”, afirma, acrescentando que “impedir tão influxos não é somente uma questão de moralidade, mas também de segurança pública e nacional” dos vários Estados-membros, e “uma questão de implementação das sanções da UE”.
Kallas aponta que ao não impedir o turismo de cidadãos russos na UE, Bruxelas não está a contrariar o seu próprio regime de sanções que aplicou à Rússia.
O chefe da diplomacia europeia, Josep Borrell, já afirmou que uma proibição total “não é uma boa ideia” e defendeu que “temos de ser mais seletivos”. E explica que “há muitos russos que querem fugir do seu país, porque não querem viver nesta situação”.
A discussão sobre este assunto deverá ter lugar numa reunião na próxima semana entre os ministros dos Negócios Estrangeiros da UE, embora seja possível prever que um consenso entre as 27 delegações será bastante improvável.
A Grécia e o Chipre já manifestaram oposição à proibição, argumentando que teria impactos económicos negativos nos seus países, ao passo que o Chanceler alemão Olaf Scholz também sublinhou que não concorda com a medida, argumentando que os russos devem poder deixar a Rússia caso não concordem com as políticas prosseguidas pelo Kremlin.