Prisão preventiva para os três detidos por fornecimento de peças ilegais a companhias aéreas
Os três homens detidos pela Polícia Judiciária (PJ) por suspeitas de envolvimento num esquema fraudulento de fornecimento de peças de avião não certificadas a companhias aéreas, incluindo a TAP, ficaram esta sexta-feira em prisão preventiva. A medida de coação mais gravosa foi decretada após o primeiro interrogatório judicial, face à gravidade dos crimes de que são acusados e aos riscos processuais identificados.
A informação foi confirmada ao Correio da Manhã pelo diretor nacional da PJ, Luís Neves, que revelou ainda que um dos detidos é efetivamente um funcionário da transportadora aérea nacional.
Segundo a Polícia Judiciária, em causa está o fornecimento de componentes aeronáuticos classificados como Suspected Unapproved Parts — peças que não cumprem os requisitos técnicos definidos pelos fabricantes originais —, acompanhadas de documentação de certificação alegadamente falsificada. Estes materiais seriam, posteriormente, encaminhados para empresas de transporte aéreo e respetivas unidades de manutenção.
Num comunicado divulgado na quarta-feira, a PJ explica que a investigação teve origem numa denúncia apresentada em 2023 por uma das operadoras aéreas, após esta detetar “nas suas cadeias de abastecimento, componentes não certificados, destinados a ser instalados em motores aeronáuticos, no decurso de ações de manutenção”. Antes de formalizar a queixa, a empresa informou as entidades reguladoras de segurança aérea, contribuindo para a rápida intervenção das autoridades, tanto a nível nacional como internacional.
Fontes ligadas à investigação confirmaram que uma das companhias lesadas é a TAP. Embora não tenham sido reveladas mais empresas envolvidas, a PJ admite que o esquema teve impacto em várias operadoras, o que motivou a designação da operação como “Voo Cego”.
A dimensão da investigação levou à realização de 10 buscas domiciliárias e não domiciliárias em diversas zonas do país, incluindo Lisboa, Margem Sul, Alentejo, Algarve e interior.
Os detidos são suspeitos de vários crimes, entre os quais se incluem burla qualificada, falsificação de documentos, administração danosa, atentado à segurança de transporte por ar, branqueamento de capitais, corrupção passiva, corrupção com prejuízo do comércio internacional e fraude fiscal qualificada.
A operação decorre no âmbito de uma investigação coordenada pela Unidade Nacional de Combate à Corrupção da PJ, em articulação com o Ministério Público.