Principais plataformas de criptomoedas “dizem adeus” a Pequim e bloqueiam entrada de utilizadores chineses

Huobi e Binance, duas das maiores plataformas do mundo decidiram fechar as portas para novos utilizadores chineses, depois de Pequim ter desferido o último golpe contra o setor.

A Huobi anunciou no domingo que não permitira mais a entrada de novos investidores chineses do continente depois que Pequim renovou uma repressão às moedas virtuais. No comunicado, a empresa adianta ainda que vai gradualmente apagar as contas de utilizadores com esta nacionalidade, “até à meia noite do dia 31 de dezembro”.

Já a Binance fez saber que “todas as contas, cujo registo foi efetuado através de números de telemóvel chineses, estão bloqueadas”. Além disso, a aplicação deixou de estar disponível para download neste país.
“A Binance leva suas obrigações de compliance muito a sério e está comprometida em seguir os requisitos do regulador local onde quer que operemos”, disse um porta-voz à televisão norte-americana ‘CNBC’.

Na semana passada, o Banco Central Chinês (PBOC) intensificou sua pressão sobre as criptomoedas, declarando oficialmente que todas as transações relacionadas a este tipo de ativos digitais são ilegais e devem ser proibidas.

Todas as criptomoedas serão oficialmente proibidas de circular no mercado, revelou a instituição financeira no seu site.

Todas as transações relacionadas a criptomoedas, incluindo serviços prestados por exchanges no estrangeiro, para residentes em território chinês, passam assim a ser consideradas atividades financeiras ilícitas.

Desta forma, a China dá o golpe final nas criptomoedas. Após vários avisos e declarações, o Banco Central quis enviar uma mensagem clara enfatizando que qualquer transação em que uma moeda digital esteja envolvida será considerada ilegal. As atividades publicitárias relativas a este tipo de ativo estão proibidas.

No comunicado emitido na sexta-feira, o banco central destaca que “as criptomoedas não têm o mesmo status que a moeda fiduciária. As moedas virtuais são emitidas por autoridades que não estão ligadas ao sistema monetário”.

Além disso, o planejador estatal chinês, que tem como missão reformar o país, também anunciou que vai proibir qualquer tipo de apoio financeiro para novos projetos de mineração de criptomoedas. Esse mesmo órgão chinês não permitirá que tais projetos usem energia do mercado interno. As zonas de mineração de criptomoedas usam grandes quantidades de energia que também afetam os consumidores.

Pequim vs Crypto: um duelo que já dura há meses

Pequim continua a sua perseguição ao “mundo negro” das criptomoedas, tendo já detido mais de 1.100 pessoas suspeitas de utilizar este ativo e a sua tecnologia de blockchain para lavar dinheiro.

A polícia chinesa prendeu mais de 170 grupos criminosos em 23 províncias, regiões e cidades, informou o Ministério da Segurança Pública do país em comunicado, há três meses.

De acordo com a nota publicada pelo Executivo, os suspeitos recrutaram alegadamente terceiros para converter fundos ilícitos, que circulavam em moeda fiduciária para criptomoedas, que depois transferiam para carteiras digitais.

Para a Associação chinesa de Pagamentos & Compensação, as plataformas de criptomoedas “são cada vez mais um importante canal para a lavagem de dinheiro entre fronteiras”, conforme pode ler-se num documento publicado pela organização no seu site, em reação a esta notícia.

De acordo com a Bloomberg, o Grande Firewall da China tem censurado desde a passada quinta-feira várias pesquisas na internet que tenham em vista transações de criptomoedas em exchanges populares, como a Binance e a Huobi.

Nos últimos meses Pequim não tem escondido a sua intenção de apertar o cerco às criptomoedas, ao mesmo tempo que promove a sua própria moeda estatal, o yuan digital. Em maio, três órgãos reguladores do setor proibiram os bancos e as empresas de pagarem de negociarem com tais ativos, afirmando que a Bitcoin, assim como as Altcoins, “podem ser prejudiciais para o mercado financeiro nacional”.

 

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