Preços dos alimentos batem novo recorde como não era visto desde há 10 anos

Em setembro, os preços dos alimentos, em todo o mundo, subiram pelo segundo mês consecutivo para atingir um novo pico, desde há 10 anos, impulsionados sobretudo pela procura de cereais e óleos vegetais, informou, esta quinta-feira, a Organização para a Alimentação e a Agricultura da ONU (com a sigla anglo-saxónica FAO).

A instituição, com sede em Roma, previu ainda que 2021 bata um nove recorde no que toca à produção mundial de cereais. A organização estima que, até ao final do ano, sejam colhidas 2,800 mil milhões de toneladas, um pouco acima dos 2,788 mil milhões estimados há um mês. A partir de 2022, a FAO estima que este valor desça, mas ainda que se mantenha “num patamar confortável”.

O índice de preços de alimentos da FAO, que acompanha os preços internacionais das ‘commodities’ alimentares mais negociadas nos mercados, registou no mês passado, uma média de 130,0 pontos, o valor mais elevado desde 2011.

Em agosto, a média fixou-se nos 128,5 pontos, precedidos pelos 127,4 pontos contabilizados em julho.

No que toca aos cereais, os índices deste tipo de matérias-primas registaram, em média, durante o mês de setembro, uma subida de 2%, sobretudo impulsionada pelo disparo de 4% nos preços do trigo.

“Entre os cereais mais transacionados, o trigo será o foco das atenções nas próximas semanas, já que a procura precisa de ser testada contra o rápido aumento dos preços”, explicou o economista sénior da FAO, Abdolreza Abbassian, no comunicado que acompanha o relatório da organização.
Os preços mundiais do óleo vegetal subiram 1,7% neste mesmo período, seguindo a tendência positiva do últimos meses, com um crescimento anual dos preços de 60%. A FAO justifica este aumento, entre muitas razões, sobretudo com “o disparo da procura, a falta de mão-de-obra na Malásia”.

Os preços globais do açúcar subiram 0,5% em setembro, com a preocupação sobre o clima adverso das culturas no principal exportador do mundo, o Brasil, em parte compensado pela desaceleração das importações e pelo aumento de produção da Índia e da Tailândia.

O Brasil é o principal país do mundo com a responsabilidade de pôr pequenos almoços na mesa da população mundidal. Este país é responsável, à escala global, por 80% das exportações de sumo de laranja, metade das exportações de açúcar, um terço das exportações de café e um terço da soja e milho utilizados para alimentar galinhas poedeiras e outros animais.

Assim, quando as colheitas da região foram queimadas e depois congeladas este ano, registando a pior seca de um século seguido por uma frente fria sem precedentes que revestiu repetidamente a terra em geada espessa – os mercados globais de matérias-primas tremeram.

O custo dos grãos arábicos, com os quais se faz o café arábico disparou 30% ao longo de um período de seis dias no final de julho, o preço das laranjas saltou 20% em três semanas; e o açúcar atingiu um máximo de quatro anos em agosto.

Os aumentos de preços estão a contribuir para um aumento da inflação alimentar internacional. Um índice das Nações Unidas subiu 33% nos últimos 12 meses, o que está a aprofundar as dificuldades financeiras na pandemia e a forçar milhões de famílias de baixos rendimentos a reduzirem as compras de alimentos em todo o mundo.

“É um ciclo vicioso”, explica Marcelo Seluchi, meteorologista do Centro de Monitorização e Alerta de Desastres Naturais do Brasil. “Não há chuva porque não há humidade, e não há humidade porque não há chuva.” Segundo o especialista, o Brasil não tem uma estação chuvosa normal desde 2010.

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