
Preço do peixe dispara 30%: Com 50 euros já só compra pouco mais de 3 quilos de bacalhau
O preço do peixe em Portugal disparou quase 30% nos últimos três anos, limitando de forma significativa o poder de compra dos consumidores. Um relatório recente da DECO PROteste, divulgado no início de junho, revela que 50 euros, que em 2022 permitiam levar para casa mais de cinco quilos de diversas variedades de peixe, hoje já só dão para pouco mais de três quilos de bacalhau — um dos produtos que mais encareceu.
Segundo a associação de defesa do consumidor, o preço médio de um cabaz composto por um quilo de cada uma das seguintes oito variedades de peixe — bacalhau graúdo, dourada, salmão, pescada fresca, carapau, peixe-espada-preto, robalo e perca — subiu 26,41% entre janeiro de 2022 e maio de 2025. O valor total do cabaz é atualmente de 84,35 euros, ou seja, mais 17,62 euros do que custava há três anos.
Face ao mesmo período do ano passado, a subida é de 5,13 euros, o que representa um agravamento de 6,48%. Em abril de 2024, o mesmo cabaz custava 79,22 euros.
A DECO PROteste recorda que, no início de 2022, um consumidor que dispusesse de 50 euros para comprar estas oito variedades de peixe (em quantidades iguais) conseguia adquirir 5,6 quilos. Em abril de 2024, esse valor já só dava para 4,8 quilos. Em maio de 2025, a quantidade desceu ainda mais: apenas 4,4 quilos.
Bacalhau lidera nos aumentos
A análise detalhada da DECO PROteste mostra que o bacalhau é atualmente a variedade mais cara, atingindo os 15,61 euros por quilo — mais 5,01 euros do que em janeiro de 2022, quando custava 10,60 euros. Em termos percentuais, trata-se de uma subida de 47%. Com um orçamento de 50 euros, é hoje possível comprar apenas 3,2 quilos de bacalhau, quando há três anos se compravam 4,7 quilos.
O salmão surge logo a seguir no ranking de preços, com um custo de 14,63 euros por quilo, face aos 10,88 euros de 2022 (mais 3,75 euros ou 34,5%). Isso significa que, por 50 euros, só se compram hoje 3,4 quilos, contra os 4,6 quilos de há três anos.
Pescada, perca e peixe-espada com aumentos mais moderados
No caso da pescada fresca, o aumento foi de 91 cêntimos por quilo (mais 9%), passando de 10,21 para 11,12 euros. Isso traduz-se em menos 400 gramas no total comprado com 50 euros — agora apenas 4,5 quilos.
Já a perca praticamente manteve o preço: subiu apenas oito cêntimos por quilo, de 10,94 para 11,02 euros, o que representa uma variação residual de 0,7%. Com 50 euros, compram-se atualmente 4,5 quilos, menos apenas 32 gramas do que em 2022.
No caso do peixe-espada-preto, a subida foi expressiva: mais 3,22 euros por quilo (mais 47%), passando de 6,82 para 10,03 euros. Com isso, os 50 euros que antes permitiam comprar 7,3 quilos, agora chegam apenas para 5 quilos.
Robalo e dourada mais caros, carapau continua acessível
O robalo, apesar de uma subida de 1,13 euros por quilo (de 6,59 para 7,72 euros, mais 17%), mantém-se entre os peixes mais económicos. Hoje, 50 euros permitem adquirir 6,5 quilos, face aos 7,6 quilos comprados em 2022.
A dourada, por sua vez, registou um aumento de 45% no preço, passando de 6,25 para 9,07 euros por quilo (mais 2,82 euros). Assim, os consumidores veem reduzida a quantidade possível de comprar com 50 euros: de 8 para apenas 5,5 quilos.
Já o carapau mantém o estatuto de peixe mais barato do cabaz da DECO PROteste. Apesar de um aumento de 72 cêntimos por quilo (de 4,43 para 5,15 euros, mais 16%), continua a ser a opção mais acessível. Atualmente, é possível adquirir 9,7 quilos com 50 euros, contra 11,3 quilos em 2022.
Face ao aumento generalizado do preço do peixe, a DECO PROteste recomenda aos consumidores que comparem os preços entre supermercados antes de efetuarem as compras semanais. Através da plataforma Saber Poupar (www.saberpoupar.pt), os consumidores podem aceder ao simulador da associação, onde é possível verificar o índice diário de preços praticados pelas diferentes cadeias de distribuição, por distrito ou concelho, e selecionar os tipos de produtos mais adquiridos.
A associação lembra ainda que a monitorização regular dos preços é feita semanalmente, às quartas-feiras, desde janeiro de 2022, e constitui uma ferramenta essencial para perceber a evolução do custo de vida e para planear melhor os orçamentos familiares.