Preço do calçado pode subir pelo menos 20% este ano, aponta relatório

O preço do calçado pode subir pelo menos 20% este ano, apontou esta segunda-feira o ‘Diário de Notícias’, que relatou os dados do inquérito trimestral do World Foortwear, da Associação Portuguesa dos Industriais do Calçado, Componentes, Artigos de Pele e seus Sucedâneos (APICCAPS).

O inquérito visa medir o estado do setor do calçado, analisando o contexto económico, a saúde dos negócios, o nível de emprego ou as principais dificuldades sentidas pelas empresas. As incertezas das tensões comerciais e políticas e as tarifas elevadas, para o negócio do calçado, “significam que as oportunidades e os riscos de mercado variarão acentuadamente consoante a geografia. Apesar destas circunstâncias variadas, o sentimento geral é otimista”. A maioria dos inquiridos previu aumentos tanto nos volumes de venda como nos preços, sendo que a saúde geral dos negócios “deverá permanecer forte” e os níveis de emprego deverão evoluir “de forma positiva”, indicando uma “confiança contínua na robustez” da indústria.

O inquérito apontou ainda que 58% dos empresários esperam um crescimento de vendas “forte” ou “muito forte” nos próximos seis meses, contra os 12% que anteciparam dificuldades. No que ao emprego diz respeito, 46% das resposta apontaram para uma estabilização, mas há 42% que acreditam que irão aumentar o seu quadro de pessoal.

No que diz respeito aos preços, 37% dos inquiridos apontaram para um aumento moderado (1,5% a 5%), 21% esperam um aumento forte (5% a 20%) e 17% acreditam mesmo que o preços cresçam acima dos 20%.

A APICCAPS destacou o que o clima de incerteza pode trazer ao setor em Portugal: os mercados estratégicos – EUA e Europa – terão crescimentos “relativamente pequenos”. Paulo Gonçalves, porta-voz da associação, frisou que é necessário “aprofundar” a aposta em novos mercados.

“O setor criou cerca de 600 postos de trabalho no último ano. Claro que não deixa de ser preocupante que a maior empresa de calçado em Portugal esteja a despedir, mas tem, seguramente, a ver com a conjuntura na Alemanha, o nosso principal mercado externo, para o qual exportamos mais de 400 milhões de euros, e que tem tido um comportamento bastante modesto nos últimos três anos, com uma situação económica mais frágil do que aquilo a que estávamos habituados”, referiu.