
Preço do cabaz alimentar continua a subir: cebolas lideram lista de cinco produtos que aumentaram mais de 10% numa semana
A cebola registou um aumento mais expressivo de preço na primeira semana de junho: segundo dados da DECO PROteste, teve um aumento de 25% – de 1,19 para 1,49 euros -, mais 29 cêntimos do que na semana anterior. Desde 2022, quando custava 99 cêntimos o quilo, o preço da cebola já aumentou 51%.
Este acréscimo é o mais acentuado verificado entre os produtos alimentares monitorizados, e evidencia uma tendência de encarecimento generalizado no setor alimentar, num contexto ainda marcado pelos efeitos económicos da pandemia, da guerra na Ucrânia e de fenómenos climáticos extremos.
O preço do cabaz alimentar com 63 bens essenciais também aumentou. A DECO PROteste revela que, a 4 de junho, o valor do cabaz se fixava nos 239,35 euros, mais 8 cêntimos (0,03%) do que na semana anterior, e mais 3,18 euros (1,35%) do que na primeira semana de 2025. Há um ano, o mesmo conjunto de produtos custava menos 4,29 euros (uma descida de 1,82%), e, comparando com janeiro de 2022, o aumento é ainda mais significativo: mais 51,65 euros, ou seja, uma subida de 27,52%.
Desde janeiro de 2022, a DECO PROteste acompanha semanalmente a evolução dos preços dos principais bens alimentares. Todas as quartas-feiras, é calculado o custo médio de um cabaz com 63 produtos essenciais, com base nos preços recolhidos na véspera nos principais supermercados com presença online. O método consiste em determinar o preço médio de cada produto nas várias cadeias de distribuição e somar esses valores para obter o custo total do cabaz num determinado dia.
Produtos com maiores aumentos
Entre 28 de maio e 4 de junho, além da cebola, outros produtos registaram subidas expressivas. Os cereais fibra aumentaram 17%, sendo que o azeite virgem extra cresceu 12%. Com 11% estão as salsichas Frankfurt, seguidas pela alface frisada e massa esparguete, com 10%. Por último, as ervilhas ultracongeladas e o queijo flamengo fatiado embalado subiram 7% ao passo que os douradinhos de peixe e pescada fresca cresceram 6%.
Fim da isenção do IVA agravou custos
Um dos fatores que contribuiu para o agravamento recente dos preços foi o fim da isenção do IVA em alimentos essenciais. Em 2023, o Governo português celebrou um acordo com o setor do retalho e da produção agroalimentar que estabeleceu a isenção de IVA sobre mais de 40 produtos entre 18 de abril de 2023 e 4 de janeiro de 2024, numa tentativa de mitigar os efeitos da inflação sobre as famílias.
Contudo, desde o fim dessa medida, a 4 de janeiro de 2024, o cabaz com os 41 produtos abrangidos pela isenção ficou 4,33 euros mais caro — um aumento de 3,05%, passando de 141,97 euros para 146,30 euros. Os produtos com maiores subidas desde então foram a carne de novilho para cozer (40%), a dourada (37%) e os ovos (32%).
Os aumentos nos preços dos alimentos nos últimos três anos têm origem em diversos fatores globais. A invasão da Ucrânia pela Rússia em fevereiro de 2022 afetou profundamente a oferta de cereais na Europa, uma vez que ambos os países são grandes produtores. Ao mesmo tempo, o setor agroalimentar já sofria as consequências da pandemia de covid-19 e da seca prolongada que atingiu vários países europeus, incluindo Portugal.
O aumento dos custos das matérias-primas, dos fertilizantes e da energia — fundamentais para a produção agrícola e industrial — provocou uma escalada nos preços internacionais dos alimentos, o que rapidamente se refletiu no mercado nacional, afetando produtos como carne, hortofrutícolas, cereais de pequeno-almoço e óleos vegetais.
Inflação volta a acelerar em abril
Apesar de a inflação ter registado uma desaceleração significativa em 2024, os dados mais recentes do Instituto Nacional de Estatística (INE) indicam que a taxa voltou a subir em abril, após três meses consecutivos de descida. Passou de 1,9% em março para 2,1% em abril. Em 2023, a inflação média anual foi de 4,3%, enquanto em 2022 atingiu os 7,8%. A descida registada até março de 2025 foi interrompida por um novo ciclo de subida, influenciado, entre outros fatores, pelo encarecimento dos alimentos.
Face à persistência da inflação nos bens alimentares, a DECO PROteste aconselha os consumidores a utilizarem ferramentas de comparação de preços antes de fazerem as suas compras. Através da plataforma Saber Poupar (www.saberpoupar.pt), é possível consultar o índice diário de preços de várias cadeias de distribuição, por distrito ou concelho, e comparar o custo do mesmo cabaz em diferentes supermercados. Esta ferramenta permite ainda personalizar a pesquisa com base no tipo de alimentos mais frequentemente comprados por cada agregado familiar.