Praia da Cacela Velha perde até 4,5 metros de areal por ano, Costa da Caparica com menos 2,5 metros. Veja como mudou a costa portuguesa nos últimos anos

Há praias em Portugal que estão a desaparecer e que, todos os anos, perdem vários metros de areal para o mar. Na Cacela Velha, no período entre 1995 e 2022, a linha de praia encolheu até 4,5 metros por ano, enquanto a norte da Costa da Caparica, as perdas foram de até 2,5 metros por ano.

Os dados resultam de uma recolha e análise no âmbito do programa Space for Shore, um consórcio financiado pelo ‘ESA Coastal Erosion’ (investimento de 4 milhões de euros) que constituiu um importante programa europeu lançado em 2019 sob a égide da ESA. O programa conta com a participação de cientistas da Universidade de Aveiro.

Segundo o relatório, a que a Executive Digest teve acesso, por outro lado há praias com ganhos expressivos em termos de dimensão do areal. Na Praia da Culatra atá à Praia da Armona observam-se ganhos de até 12 metros por ano, ou 13 metros no caso de Troia.

Os ‘pontos-quentes’ de erosão estão devidamente identificados no mapa, a vermelho: na Costa da Caparica, entre a Lagoa de Óbidos e a praia do Baleal, entre a praia da Fuseta e a praia da Barra, e em algumas zonas do litoral de Aveiro.

“Apesar de existir uma tendência erosiva em maior parte da costa portuguesa, verifica-se que, em determinados locais, as medidas tomadas pelos gestores costeiros apresentam resultados positivos como na Nazaré ou nas praias a sul da Costa da Caparica”, aponta Paulo Baganha Baptista, investigador do Centro de Estudos do Ambiente e do Mar da UA e responsável pelo programa em Portugal, em comunicado enviado à Executive Digest.

O fenómeno acontece devido a deficiência sedimentar causada pelas barragens que, segundo explica ao Público impedem partículas sedimentares e areia de chegarem ao litoral.

Para combater o ‘desfalque’ de areais, tem-se alimentado as praias afetadas com areia, de forma artificial, uma solução muito cara e que precisa de investimento contínuo. Segundo a APA; só na Costa da Caparica foram gastos 11 milhões de euros neste processo, desde 2014.

“As alterações climáticas, o aumento da severidade e persistência de temporais e a tendência geral de subida do nível do mar parecem antecipar cenários preocupantes de erosão costeira caso não sejam adotadas políticas concertadas de mitigação”, avisa Paulo Baganha Baptista.

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